Talibãs manifestam vontade de trabalhar com Trump "pragmático"

Os talibãs do Afeganistão manifestaram a sua vontade de trabalhar com Donald Trump, o Presidente eleito dos Estados Unidos, que caracterizaram como "mais pragmático" do que os seus antecessores.

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© Chip Somodevilla/Getty Images

Lusa
11/11/2024 15:05 ‧ 11/11/2024 por Lusa

Mundo

Eleições EUA

"Parece que o Sr. Trump é mais pragmático e penso que devemos ser realistas na resolução dos problemas", afirmou Suhail Shahin, que dirige o gabinete político dos talibãs no Qatar, numa entrevista à emissora pública japonesa NHK.

 

Shahin manifestou disponibilidade para manter relações "positivas" tanto com os Estados Unidos, como com o resto do mundo, bem como a trabalhar no desenvolvimento dos recursos naturais em território afegão com países terceiros.

A 06 de novembro, o governo talibã do Afeganistão disse esperar "um novo capítulo" com a reeleição Trump, tendo o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros afegão, Abdul Qahar Balkhi, escrito nas redes sociais que esperava "progressos tangíveis nas relações" bilaterais e que Cabul e Washington "poderão abrir um novo capítulo".

Em fevereiro de 2020, os Estados Unidos, então presididos pelo republicano Donald Trump, assinaram o acordo de Doha, no Qatar, que abriu caminho à retirada das tropas norte-americanas do Afeganistão.

O acordo também abriu o caminho para o regresso dos talibãs ao poder, já sob a presidência do democrata Joe Biden.

Três anos depois, nenhum país reconheceu as novas autoridades de Cabul.

O acordo de Doha foi "assinado sob a administração do Presidente Donald Trump" e "pôs fim a 20 anos de ocupação", disse Balkh, citado pela agência francesa AFP.

Desde a queda dos talibãs em 2001 até ao seu regresso ao poder em 2021, o Afeganistão teve um governo apoiado pelo Ocidente.

A administração pró-ocidental, apesar de devastada pela corrupção, procedeu à abertura do país ao mundo e à expansão das liberdades individuais, nomeadamente das mulheres.

Os republicanos têm criticado constantemente a caótica retirada dos Estados Unidos do Afeganistão em 2021, durante a qual 13 soldados norte-americanos foram mortos num ataque suicida no aeroporto de Cabul.

Trump usou o atentado de Cabul como argumento de campanha contra a vice-presidente de Biden, Kamala Harris.

Biden tem sido regularmente criticado por ter prosseguido o processo de retirada sem impor condições aos talibãs, nomeadamente um cessar-fogo entre o grupo e o governo de Cabul, que acabou por ser derrubado.

Um dos principais pontos de discórdia entre as autoridades talibãs e a comunidade internacional continua a ser a questão dos direitos das mulheres no Afeganistão, onde a ONU afirma que o governo está a impor um "'apartheid' de género".

Donald Trump foi eleito o 47.º Presidente dos Estados Unidos, tendo superado os 270 votos necessários no colégio eleitoral, quando ainda decorre o apuramento dos resultados.

O Partido Republicano recuperou ainda o Senado (câmara alta da Congresso) ao ultrapassar a fasquia de 51 eleitos, enquanto na Câmara dos Representantes (câmara baixa) os últimos dados indicam que se encontra igualmente na frente no apuramento, com 210 mandatos, a apenas oito da maioria.

Leia Também: Filho de Trump envia recado a Zelensky: "Quase a perder a tua mesada"

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