Êxito da COP29 depende de "meta ambiciosa" para travar aquecimento
O diretor-executivo da agência da ONU para as infraestruturas e gestão de projetos, Jorge Moreira da Silva, afirmou hoje que o êxito da COP29 dependerá da definição de uma meta ambiciosa para financiamento da descarbonização e do compromisso de ajuda pública dos Estados do Norte aos Estados do Sul.
© Michael M. Santiago/Getty Images
Mundo COP29
Esta é uma COP (Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Clima´ticas) "cujo êxito depende única e exclusivamente em saber se temos uma meta ambiciosa ou não para ajuda pública", disse o português Jorge Moreira da Silva, considerando "essencial a ajuda dos Estados do Norte aos Estados do Sul" para travar o aquecimento global.
O diretor-executivo da agência da ONU para as infraestruturas e gestão de projetos alertou, na 29.ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Clima´ticas (COP29), em Baku, que esta "não pode de maneira nenhuma ser desvalorizada em relação à sua ambição", já que se daqui não saírem "novas metas de descarbonização" não será possível "alcançar um bom acordo no Brasil (onde em 2025 decorrerá a COP 30) que nos coloque na linha do limite do aumento da temperatura para 1,5 graus em vez dos 2,6 ou 2,8 de que hoje, infelizmente, já se fala".
Aludindo a "um 'gap' de financiamento enorme no apoio à descarbonização", Moreira da Silva afirmou que, ainda que a COP29 decorra sem a presença de alguns líderes políticos de vários países, o mundo "não de pode dar ao luxo de ter um fracasso" na conferência que decorre em Baku, capital do Azerbaijão, até ao dia 22 de novembro.
Vincando que só se conseguirá "preservar o equilíbrio planetário" se se conseguir limitar o aumento da temperatura a valor, Jorge Moreira da Silva alertou para um cenário em que existirão "quase 1.000 milhões de pessoas no mundo a viver em zonas desertificadas ou com stress hídrico".
O português considerou que, independentemente do número de Chefes de Estado e de Governo, a participar na cimeira "nada poderá servir de desculpa para não se atingir um resultado o mais ambicioso possível".
Ou seja rever a meta de 100 milhões de euros por ano, estabelecida há duas décadas, e "mudar a escala dos 'bilion dolares' para os trillion dólares".
Os governos, "podem fazer conversas sobre limites políticos, mas nenhum limite político responderá ao problema do limite físico" que obriga a atingir a neutralidade carbónica em 2050, o que implica "uma redução de 42% de redução das emissões até 2030" e "seis 'trillion' dólares de investimento por ano".
O antigo ministro do Ambiente avisa que se podem fazer "discursos muito bonitos a favor da descarbonização, da promoção das renováveis, das tecnologias limpas" mas, "se na hora da verdade os países do Norte, que são ricos, não apoiaram os países do Sul na descarbonização, não vai funcionar".
Os países do Sul "enfrentam ainda pobreza e desigualdades: 700 milhões de pessoas não têm eletricidade, dois mil milhões de pessoas não têm forma de cozinhar de forma limpa, como ainda por cima são os países que para superarem a pobreza vão produzir mais emissões".
Portanto, conclui, "isto não é caridade, é solidariedade e, mais do que isso, é um investimento" na ação climática global.
À margem da conferencia Jorge Moreira da Silva lançou ainda o desafio às empresas e aos países para que "não se limitem a descarbonizar" e para que avancem com "parcerias verdadeiras" entre Norte e Sul para que ambos os lado do mundo fiquem mais verdes.
A COP29 decorre em Baku, capital do Azerbaijão, até ao dia 22 de novembro.
*** A agência Lusa viajou para Baku a convite do Comité das Regiões Europeu ***
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Lusa/fim
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