Rutte aludia aos contactos anteriores que manteve com Trump enquanto este foi Presidente norte-americano (2016/2020) e quando foi primeiro-ministro dos Países Baixos (2010/2024).
Questionado durante uma conferência de imprensa na maior base da NATO, na Letónia, se estava preocupado com as anteriores declarações de Trump, de que poderia levar Washington a não defender os países da NATO que não gastam o suficiente em defesa, Rutte disse que o Presidente eleito "fará o que for preciso para defender os Estados Unidos".
Trump "está bem ciente de que ser membro da NATO faz parte da defesa dos Estados Unidos", acrescentou, numa conferência de imprensa conjunta com o presidente da Letónia, Edgar Rinkevics.
"Vejam o que está a acontecer neste momento. Na Ucrânia, soldados norte-coreanos, agora ativos na Rússia e o que estão a ajudar Moscovo na guerra contra a Ucrânia. A Rússia está a pagar por isso, por exemplo, com tecnologia de mísseis, que está agora a ser entregue à Coreia do Norte. Trata-se de uma ameaça direta, não só para a Europa, mas também para o Japão, Coreia do Sul e Estados Unidos", continuou.
Além disso, Rutte afirmou que os aliados europeus da NATO devem aumentar significativamente as despesas com a defesa para mais de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) e desenvolver as suas próprias indústrias de defesa.
"Precisamos de mais despesas com a defesa e precisamos de aumentar a produção de defesa em toda a Aliança para termos as forças certas, mas também para termos as capacidades certas para manter os nossos povos seguros", afirmou.
"Precisamos -- prosseguiu -- de fazer mais para reabastecer os nossos arsenais e para garantir que estamos prontos para enfrentar qualquer adversário. É fundamental trabalhar com os nossos parceiros, a UE [União Europeia], mas também com os países do Indo-Pacífico, incluindo o Japão, a Coreia do Sul, a Austrália, a Nova Zelândia e os vizinhos do sul".
"Temos de garantir que a Ucrânia prevalece e que Putin não vence na Ucrânia. Essa é a prioridade número um", afirmou Rutte, referindo que a Letónia se comprometeu a gastar 0,25% do PIB na ajuda ao país invadido e que está a aumentar as despesas com a defesa.
O chefe da NATO afirmou que "só o governo ucraniano" pode decidir iniciar conversações com a Rússia sobre a forma de pôr termo ao conflito.
"Mas têm de o fazer a partir de uma posição de força", acrescentou.
Comentando também o impacto da próxima presidência de Trump, Rinkevics disse que os Estados Unidos "foram, são e, com toda a certeza, vão ser um parceiro indispensável para a Europa e para a segurança europeia".
"Mas penso que é muito claro que todos nós temos de dar um passo em frente no que diz respeito à nossa defesa e segurança", sublinhou.
O Presidente da Letónia referiu-se também a possíveis negociações para acabar com os combates na Ucrânia.
"Sejamos realistas. De momento, vemos que a Rússia não está disposta a sentar-se à mesa das negociações. Na verdade, a Rússia está a intensificar as suas operações e atividades militares", argumentou o presidente letão.
A visita de Rutte à maior base militar da Letónia, em Adazi, a cerca de 30 quilómetros de Riga, foi a sua primeira de cariz oficial ao país báltico, Estado-Membro da NATO e da UE, desde que assumiu o cargo máximo da aliança.
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