ONU entrega a última base da antiga missão de manutenção da paz no Mali
A missão de estabilização da ONU no Mali chegou hoje ao fim com a entrega às autoridades malianas da última base da antiga missão de manutenção da paz, numa cerimónia onde a bandeira das Nações Unidas foi arriada.
© Maksim Konstantinov/SOPA Images/LightRocket via Getty Images
Mundo Mali
O campo de 37 hectares, que serviu de principal base operacional para a Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização do Mali (Minusma) e acolheu a sua sede, "desempenhou um papel crucial na realização dos objetivos da Minusma", afirmou o subsecretário-geral da ONU, Atul Khare, na cerimónia.
Na mesma ocasião, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Abdoulaye Diop, voltou a expor as queixas da junta contra a missão, que foi destacada em 2013 para fazer face às rebeliões terroristas e independentistas, que ameaçavam a estabilidade deste Estado pobre e frágil, e que ainda estão em curso.
"A missão não estava em condições de responder às expectativas prementes e existenciais do povo maliano, que nela tinha depositado tantas esperanças", declarou, mas exprimindo a sua gratidão aos Capacetes Azuis.
Abdoulaye Diop criticou, mais uma vez, a Minusma por encorajar "a instrumentalização por parte de certas potências das questões dos direitos humanos para fins políticos e de desestabilização".
Uma das missões da Minusma era a proteção dos civis e dos direitos humanos. Os seus relatórios regulares sobre os abusos cometidos por todos os atores armados, incluindo o exército, irritaram a junta militar.
A missão era composta por cerca de 15.000 militares e polícias de dezenas de países.
A presença da missão de estabilização da ONU tornou-se insustentável depois da chegada ao poder da junta militar liderada pelos responsáveis pelo golpe de Estado de 2020 no país.
Por insistência da junta militar, o Conselho de Segurança da ONU pôs fim ao seu mandato no Mali.
A retirada é um dos vários atos de rutura da junta militar que acabou também com a antiga aliança com a potência dominante, a França, e virou-se em termos militares e políticos para a Rússia.
A junta militar no poder denunciou um acordo assinado em 2015 com os separatistas do norte, cuja aplicação a Minusma deveria apoiar.
As hostilidades recomeçaram entre os separatistas e o exército, e a Minusma retirou as suas forças de manutenção da paz face a esta escalada militar.
Mais de 180 membros da Minusma foram mortos em ataques atribuídos, principalmente, a grupos terroristas afiliados da Al-Qaida e do Estado Islâmico, o que afetou ainda mais a missão da ONU nos últimos anos.
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