Países europeus prontos para assumir ajuda a Kyiv se EUA reduzirem apoio

Seis países europeus estão prontos para fornecer ajuda financeira e militar a Kiev se Washington reduzir o seu apoio, afirmou hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros da Polónia, Radoslaw Sikorski, sublinhando a importância do reforço da defesa europeia.

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© BRENDAN SMIALOWSKI/AFP via Getty Images

Lusa
19/11/2024 14:24 ‧ 19/11/2024 por Lusa

Mundo

Polónia

O ministro polaco falava após uma reunião diplomática em Varsóvia que juntou os homólogos de mais quatro países da União Europeia (França, Alemanha, Itália e Espanha) e do Reino Unido, no dia em que são assinalados os mil dias de guerra na Ucrânia, desencadeada pela invasão russa em fevereiro de 2022.

 

"É com agrado que verifico que os principais países da União Europeia (UE) estão dispostos a assumir o ónus do apoio militar e financeiro à Ucrânia, no contexto de uma possível redução do compromisso dos Estados Unidos", afirmou Sikorski, que sublinhou também a necessidade de reforçar a UE no domínio da Defesa.

Esta declaração surge diante de um cenário de incerteza sobre o apoio norte-americano à Ucrânia após a eleição, em 05 de novembro, do republicano Donald Trump para a Presidência dos Estados Unidos.

Os países da UE estão a trabalhar para reforçar os seus setores de defesa face à invasão russa da Ucrânia, mas ainda não há medidas claras sobre como angariar o dinheiro necessário para apoiar a indústria militar.

Na capital polaca, Radoslaw Sikorski declarou ainda que os cinco países da União Europeia representados hoje na reunião mostraram-se a favor das euro-obrigações ('eurobonds', obrigação ou título de dívida pública emitido pelos países da zona euro) destinadas a financiar a defesa do bloco comunitário.

"Esta é a primeira vez, aqui em Varsóvia, que os cinco maiores países da União Europeia se manifestam a favor das euro-obrigações de defesa", sublinhou Radoslaw Sikorski.

"É algo sério", acrescentou o ministro polaco, cujo país vai assumir a presidência rotativa do Conselho da UE no primeiro semestre de 2025.

O ministro dos Negócios Estrangeiros italiano, Antonio Tajani, também saudou o anúncio.

"Hoje, desenvolvemos uma estratégia. É a estratégia de apoiar a defesa europeia, de ter 'eurobonds' (...). Temos de avançar", afirmou Tajani.

Também no seguimento desta reunião promovida por Varsóvia, o chefe da diplomacia francesa, Jean-Noël Barrot, referiu-se neste contexto à mobilização de "todas as alavancas" à disposição dos Estados europeus, incluindo "a capacidade financeira e económica da União Europeia", para a segurança e para o desenvolvimento da base industrial e tecnológica da defesa europeia.

Em junho, a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, disse que a UE precisava de investir 500 mil milhões de euros durante a próxima década para reforçar a sua defesa.

Para a futura Comissão Europeia, Andrius Kubilius, ex-primeiro-ministro lituano, foi o nome indicado para o cargo de comissário para a Defesa e o Espaço.

Em setembro, Kubilius apelou a "novas medidas ousadas" para angariar as consideráveis somas necessárias para a Defesa.

Já em novembro, durante a audição no Parlamento Europeu para a sua confirmação, Kubilius voltou a defender um aumento expressivo nos investimentos de Defesa na Europa, alertando ainda para a necessidade urgente de garantir a segurança do continente face às ameaças do Presidente russo, Vladimir Putin.

Fazendo eco do apelo, Sikorski disse hoje que o comissário "deve ter recursos consistentes para levar a cabo uma missão séria".

A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Leia Também: Marcelo assinala "1000 dias de resistência corajosa" da Ucrânia

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