Contactado pela Lusa a propósito de uma visita que fez, integrando uma delegação da Esquerda no Parlamento Europeu, ao arquipélago das Ilhas Canárias, em Espanha, João Oliveira disse que encontrou uma "realidade muito dura" e uma situação que "tem vindo a agudizar-se com o número crescente de imigrantes" que tem chegado a esta região autónoma espanhola.
O europarlamentar do PCP recordou uma expressão utilizada pelo presidente do Conselho da Ilha da Grande Canária, Antonio Morales, que apelidou a ilha de uma "prisão a céu aberto para menores".
João Oliveira considerou que esta expressão, "apesar de dura, é uma referência real, muito objetiva" da situação.
De acordo com o europarlamentar, neste momento, há "cera de 5.500 jovens sem acompanhamento e cujos direitos não são cumpridos".
"Isto é demonstrativo daquilo que é a União Europeia em toda a sua crueldade e desumanidade", acrescentou.
"O sistema de acolhimento estava preparado para pouco mais de 1.000 e agora tem 5.500, já teve mais de 6.000", denunciou, criticando a falta de centros de acolhimento, que "deveriam ser 300 e são 82".
Muitos dos menores que acabam retidos no arquipélago "não tinham como destino final as Canárias e não podem sair para outros pontos de Espanha ou da Europa. Em muitas circunstâncias não há a possibilidade de assegurar o reagrupamento familiar".
"Não tem havido solidariedade [dos Estados-membros], apesar de haver casos em que já foi reconhecido o estatuto de asilo" de crianças, "de todas as idades", com "percursos de vida absolutamente angustiantes".
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