"Temos de admitir que a atração dos países pelas armas nucleares aumentou. Cada vez mais países falam sobre armas nucleares de uma forma estranhamente avassaladora", apontou Grossi.
A posição foi partilhada por Grossi durante um encontro, em Viena, com Charles Oppenheimer, neto do físico Robert Oppenheimer, que dirigiu o Projeto Manhattan para fabricar a primeira bomba nuclear.
O diretor-geral da organização da ONU que garante o uso pacífico da energia atómica realçou que, no atual contexto político de incerteza, diversos países propuseram abertamente a revisão das suas políticas e a aquisição de armas nucleares.
Devido a esta mudança de posição, Grossi considerou que o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), que impede os países signatários que não possuem este tipo de armas de as adquirir, está sob grande pressão.
No caso do Irão, onde há 20 anos que existem dúvidas sobre se o seu programa nuclear teve ou tem objetivos militares, Grossi frisou que o governo iraniano não está a responder às perguntas da agência sobre as suas atividades nucleares.
"Espero que o Irão perceba que cooperar connosco é o caminho a seguir, eles dizem que querem que os tratemos como um país normal que não está sob sanções, e digo-lhes sempre que isto tem uma solução fácil se cooperarem connosco", sublinhou Grossi.
No entanto, o responsável da AIEA afirmou que não quer que as negociações falhem e deu como exemplo o fracasso das conversações com a Coreia do Norte, que em 2009 expulsou os inspetores internacionais.
A Coreia do Norte realizou seis testes de armas nucleares desde 2006.
"É por isso que temos de trabalhar com eles [os iranianos]. Da minha parte temos de ser firmes, mas justos", concluiu.
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