"Apelamos às autoridades iranianas para que ponham um fim definitivo à sua detenção e para que garantam que recebe tratamento médico adequado para as suas doenças", afirmou o presidente do Comité Nobel, Jørgen Watne Frydnes.
Narges Mohammadi foi libertada por três semanas devido ao seu estado físico após a remoção de um tumor e um transplante de ossos há 21 dias.
"O Comité Nobel norueguês está satisfeito por saber que Narges Mohammadi foi libertada da prisão em Teerão, mas continuamos preocupados com a sua saúde e doença", acrescentou o presidente do Comité Nobel em declarações à agência France-Presse (AFP).
"Esperamos que o regime e a pressão do mundo exterior, incluindo o Comité Nobel norueguês, conduzam um dia à sua libertação", salientou Frydnes.
A ativista de 52 anos foi repetidamente condenada e presa nos últimos 25 anos pela sua campanha contra o uso obrigatório do véu pelas mulheres e a pena de morte.
Vencedora do Prémio Nobel da Paz em 2023, cumpre uma pena na secção feminina da prisão de alta segurança de Evin, no norte de Teerão. Por estar presa, não pôde receber pessoalmente o Prémio Nobel.
O marido da ativista, Taghi Rahmani, relatou que a Narges Mohammadi saiu hoje da prisão a cantar "Mulher Vida Liberdade", o slogan da revolta popular no Irão.
"Ela saiu com boa disposição, com vontade de lutar, apesar do seu estado de saúde muito frágil", disse Taghi Rahmani, por videoconferência a partir do México, numa conferência de imprensa organizada em Paris por apoiantes da ativista iraniana.
O filho de Narges Mohammadi, Ali Rahmani, esteve presente na conferência de imprensa e disse ter conseguido falar brevemente com a sua mãe, que não via há anos.
"Foi muito breve mas muito intenso, ela conseguiu dizer-me que me ama", disse o jovem, que tem uma irmã gémea.
"A primeira coisa que me disse foi que tinha saído da prisão de Evin sem o véu obrigatório e que só tinha uma palavra nos lábios: 'Mulher, vida, liberdade'", descreveu.
"A segunda, e mais importante, é que ela continuará a lutar sem tréguas contra a República Islâmica do Irão para que o 'apartheid' de género seja reconhecido como um crime universal em todo o mundo, e que continuará também a lutar contra a pena de morte", afirmou.
Segundo os seus apoiantes, a sua libertação só foi possível mediante o pagamento de uma fiança de 8,5 mil milhões de toman (cerca de 75.000 euros).
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