Bolívia. Ex-presidente denuncia "guerra jurídica" após pedido de detenção

O ex-Presidente boliviano Evo Morales, alvo de um mandado de detenção por ter mantido um alegado relacionamento com uma adolescente durante o mandato, afirmou hoje ser "vítima de uma guerra jurídica" conduzida pelo Governo do rival político Luis Arce.

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Lusa
17/12/2024 17:34 ‧ há 4 dias por Lusa

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Bolívia

O antigo Presidente da Bolívia (2006-2019), acusado de "tráfico de seres humanos", afirmou hoje na rede social X ser "vítima de uma guerra jurídica brutal levada a cabo pelo Governo de Luis Arce", denunciando que o seu rival político se comprometeu a entregá-lo "como troféu de guerra aos Estados Unidos".

 

"Estão a inventar crimes contra mim. Não respeitam os princípios constitucionais da presunção de inocência e do devido processo legal. Estão a condenar-me e a alvejar-me juridicamente, politicamente e nos meios de comunicação social", disse.

Para o ex-Presidente boliviano, à semelhança de outros "Presidentes de esquerda da América Latina", as autoridades estão "a inventar crimes" contra si.

"Não têm provas, apenas 'slogans' e um ódio desenfreado", reiterou.

O político garantiu que o seu único "crime" foi ter conseguido uma "economia justa" durante o seu mandato presidencial e de não ter permitido a "interferência e o abuso do império norte-americano".

"Já sofro um bombardeamento constante de difamações e insultos há algum tempo. O Governo tem um exército de procuradores, juízes, polícias e militares, que não só procuram eliminar-me política e moralmente, mas também fisicamente. Foi por isso que tentaram envenenar-me e matar-me", acrescentou.

A procuradora da região sul de Tarija, Sandra Gutiérrez, apresentou uma "acusação formal" na segunda-feira contra Morales e a mãe da alegada vítima por tráfico de seres humanos, cuja investigação já havia sido tornada pública em setembro.

Morales é acusado dos crimes de tráfico de seres humanos e violação de uma menor, que foi membro de um grupo político de jovens criado pelo antigo Presidente durante a sua presidência e com quem terá tido um filho.

O processo indica ainda que os pais da alegada vítima "lucraram" com a menor, entregando-a ao ex-Presidente em troca de "favores".

A procuradora afirmou que foi solicitado um alerta de imigração para Morales e a mãe da adolescente, e que aguarda agora a marcação da data para uma audiência sobre medidas cautelares.

O procurador-geral do Estado, Roger Mariaca, chegou a anunciar que Morales seria preso preventivamente "por seis meses numa cadeia pública".

A Procuradoria-Geral confirmou também que foi emitido um mandado de captura contra Morales a 16 de outubro, mas não foi possível executá-lo por várias razões, incluindo os bloqueios de estradas durante 24 dias por apoiantes do antigo Presidente, especialmente no centro do país, que contestavam a possível detenção do antigo chefe de Estado.

Morales não sai do Trópico de Cochabamba desde outubro, o seu reduto no centro do país, onde é protegido por centenas de plantadores de coca, que constituem a sua base sindical e política.

O político tem também, contra si, sete queixas de alegados abusos de menores na região de Cochabamba.

No mês passado, foi aberta uma investigação criminal contra o antigo Presidente boliviano na Argentina por alegado tráfico de seres humanos e abuso sexual.

Morales viveu na Argentina durante um ano após a crise social e política de 2019, durante a qual se demitiu da presidência, declarando-se vítima de um alegado golpe de Estado devido a alegações de fraude eleitoral a seu favor nas eleições desse ano.

As investigações e acusações contra Morales surgem em plena luta política com o atual Presidente boliviano Luis Arce, seu antigo aliado, pelo controlo do Partido Movimento para o Socialismo (MAS), no poder, e pela decisão sobre a candidatura do partido às eleições presidenciais de agosto de 2025.

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