"Até ao momento, o HCN registou 21 óbitos e está a tratar 116 pacientes com ferimentos graves e ligeiros, causados principalmente por armas de fogo e outras lesões associadas", avançou o hospital, em comunicado, reportando dados até quarta-feira.
Segundo o HCN, dos 21 óbitos, 17 ocorreram fora do hospital e os restantes no banco de socorros, "devido à gravidade das lesões", e 31 pacientes permanecem internados em diferentes enfermarias.
Cachimo Mulima, diretor-geral do hospital, citado no documento, explicou que os protestos dificultam o trabalho das equipas médicas, com profissionais a serem bloqueados pelas barricadas e os manifestantes a dificultarem a circulação de ambulâncias, "comprometendo o atendimento a doentes feridos".
Aquele hospital apontou ainda que consumiu, até quarta-feira, 40 unidades (0,45 litros cada) de sangue, contando agora com 70 unidades disponíveis, o que "pode não ser suficiente caso a violência persista".
"A situação em Nampula reflete a magnitude dos protestos em todo o país, com o sistema de saúde enfrentando desafios críticos para atender às demandas geradas pela violência pós-eleitoral. A comunidade espera que as tensões sejam resolvidas pacificamente nos próximos dais", concluiu.
O Conselho Constitucional de Moçambique proclamou na tarde de segunda-feira Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), como vencedor da eleição a Presidente da República, com 65,17% dos votos, sucedendo no cargo a Filipe Nyusi, bem como a vitória da Frelimo, que manteve a maioria parlamentar, nas eleições gerais de 09 de outubro.
Este anúncio provocou o caos em todo o país, com manifestantes nas ruas, barricadas, pilhagens e confrontos com a polícia, que tem vindo a realizar disparos para tentar a desmobilização.
Ssegundo um novo balanço feito hoje pela plataforma eleitoral Decide, pelo menos 252 pessoas morreram nas manifestações pós-eleitorais em Moçambique desde 21 de outubro, metade das quais apenas desde o anúncio dos resultados finais, na segunda-feira.
De acordo com o mais recente balanço daquela Organização Não-Governamental (ONG) moçambicana que monitoriza os processos eleitorais, com dados até às 09:00 (menos duas horas em Lisboa) de hoje, só desde 23 de dezembro já morreram nestas manifestações 125 pessoas.
Ainda desde segunda-feira, aquela ONG contabilizou 224 pessoas baleadas, das quais 59 na cidade de Maputo e 37 na província de Maputo, bem como 43 em Nampula e 65 em Sofala.
Desde 21 de outubro, o registo da plataforma eleitoral Decide contabiliza 569 pessoas baleadas em todo o país, além de 252 mortos e seis desaparecidos.
Somam-se ainda 4.175 detidos desde o início da contestação pós-eleitoral, 137 dos quais desde segunda-feira.
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