Damasco, 30 dez 2024 (Lusa) - As equipas de resgate da Defesa Civil Síria recuperaram hoje restos humanos não identificados correspondentes a vinte corpos, numa vala comum descoberta na zona de Al Qabou, nos arredores de Homs, no noroeste da Síria.
Esta organização, com voluntários conhecidos como Capacetes Brancos, divulgou em comunicado a descoberta depois de ter recebido um alerta de um cidadão a indicar o local, onde as equipas de resgate encontraram "restos humanos não identificados, expostos e insepultos" que, segundo uma avaliação preliminar, pertencem a "entre 20 e 25 cadáveres".
Os corpos localizaram-se "no solo, expostos e insepultos" e foram distribuídos por oito locais numa área estimada em três quilómetros quadrados, numa zona agrícola intercalada por planaltos salpicados de rochas vulcânicas, algumas das quais estavam "em cima de vários restos mortais", detalhou ainda.
A distância que separava os oito locais onde foram encontrados os restos mortais variava entre os 10 metros e os 600 metros.
A investigação desta vala comum continua em curso com a participação de um perito antropológico para os formar e dar o número exato de corpos, acrescentou a Defesa Civil Síria, na nota.
Segundo dados preliminares, existem restos mortais de crianças e mulheres que ainda estão em estudo pelo Departamento de Medicina Legal da cidade de Homs, que trabalha para concluir os procedimentos de identificação e catalogação.
Esta não é a primeira vala comum a ser encontrada pós a queda do regime de Bashar al-Assad. Em 18 de dezembro, a Defesa Civil Síria recuperou 21 restos mortais e corpos num local da cidade de Sayyida Zeinab, no sudeste da província de Rif, em Damasco.
No dia anterior, 17 de dezembro, recuperaram os restos mortais de sete corpos numa cova aberta, num local próximo da cidade de Adra, no leste de Rif Damasco e no dia 16 encontraram outros 21 corpos não identificados num local aberto na estrada para o Aeroporto Internacional de Damasco.
Atualmente, as equipas da Defesa Civil Síria respondem a chamadas de emergência de pessoas sobre a presença de restos mortais descobertos e insepultos em diferentes pontos do país.
"As equipas, respeitando estritamente os princípios humanitários e criminais, documentam e recolhem os restos mortais e entregam-nos aos peritos forenses de acordo com protocolos especiais, e coordenam-se para concluir todos os procedimentos para a sua preservação de forma que auxilie na possibilidade de posterior identificação" , acrescentou a organização.
No início de dezembro, uma operação relâmpago de uma coligação de grupos armados rebeldes assumiu o controlo do país e levou à fuga do Presidente Bashar al-Assad para a Rússia, colocando fim a um regime de mais de cinco décadas e que remontava ao período do seu pai, Hafez, desde 1971.
Os rebeldes foram liderados pela grupo Organização para a Libertação do Levante (Hayat Tahrir al-Sham, HTS), que têm na sua base ligações à Al-Qaida e ao Estado Islâmico.
No entanto, desde a sua caminhada vitoriosa para Damasco, o novo líder de facto da Síria tem procurado afastar-se do passado de radicalismo islâmico e usar um discurso inclusivo e tranquilizador tanto dentro do país como para o exterior.
Desde a deposição do regime, os prisioneiros que se encontravam nas antigas prisões governamentais foram libertados e foram encontrados os corpos de pessoas desaparecidas.
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