O Ano Novo ficou marcado em Nova Orleães, no estado norte-americano de Luisiana, por um ataque que matou, para já, 15 pessoas. Com dezenas de feridos reportados inicialmente, esta é uma situação que está a ser investigada como terrorismo.
À medida que as vítimas vão sendo identificadas, também já são conhecidos alguns detalhes sobre o suspeito, que morreu, e que chegou mesmo a ser medalhado pela luta contra o terrorismo.
"Isto não é só um ato de terrorismo. É perverso", afirmou a superintendente Anne Kirkpatrick, citada pela NBC News.
Quem é o suspeito?
As autoridades identificaram o suspeito, que morreu após ser atingido pelas forças no local, como Shamsud-Din Jabbar.
O homem, de 42 anos, serviu no Exército entre 2006 e 2015. Esteve no Afeganistão entre 2009 e 2010, altura em que Washington lançou uma operação militar com o objetivo declarado de lutar contra o terrorismo, na sequência dos atentados do 11 de Setembro de 2001.
De acordo com testemunhas no local, Shamsud-Din Jabbar tinha uma bandeira do autoproclamado Estado Islâmico (Daesh) numa peça do carro, no engate de reboque.
No seu discurso à Nação, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, confirmou a situação, referindo que tudo indicava que o suspeito tinha tido inspiração "no Daesh, e expressado um desejo de matar".
Segundo o FBI, no veículo estavam armas e potenciais explosivos, assim como estes últimos terão sido plantados perto da área. Os investigadores avançaram que não acreditavam que a responsabilidade seria só deste homem, e referiram à NBC News que estão a investigar "pessoas de interesse" neste caso.
"Temos pessoas de interesse. Neste momento, não são pessoas suspeitas", disse a superintendente Kirkpatrick.
Do currículo...
À NBC News foi confirmado que o suspeito trabalhava para a Deloitte. Segundo a empresa explicou à publicação norte-americana, o homem trabalhava na empresa desde 2021.
"Ficámos chocados ao tomar conhecimento de relatos (...) de que o indivíduo identificado como suspeito tinha qualquer ligação com a nossa empresa", explicou o diretor-geral da Deloitte, Jonathan Gandal.
O mesmo responsável apontou ainda que a empresa estava "indignada com o ato de violência" e garantiu que estavam prontos para fazer tudo para ajudar as autoridades na investigação. Não foi, no entanto, detalhada, a natureza do trabalho de Jabbar na empresa.
Voltando alguns anos, o homem frequentou a Universidade Estadual da Geórgia, entre 2015 e 2017, tendo-se formando em sistemas de informação computacional.
... ao cadastro
Para além da sua carreira no Exército, já em 2004 o homem tinha tentado entrar para a Marinha, mas não conseguiu.
Nascido no Texas, o homem também contava com algum cadastro. Segundo o registo, a que NBC News teve acesso, o homem foi acusado de roubo em 2002 e três anos mais tarde, em 2005, foi acusado de conduzir com uma carta de condução inválida.
Os casamentos
Segundo as publicações internacionais, Jabbar teria pelo menos três filhos, fruto de dois casamentos. Divorciou-se a primeira vez em 2012 e a segunda dez anos tarde. Mas uma primeira tentativa de se divorciar já tinha acontecido em 2020, quando chegou a ser emitida uma ordem de restrição. A situação foi suspensa e dois anos mais tarde, em 2022, o divórcio aconteceu mesmo.
O que diz quem o conhecia?
Uma mulher que se identificou como cunhada do suspeito, e que falou com a NBC News sob condição de anonimato, disse que a família estava em choque com o que tinha acontecido.
Segundo o que referiu, "não faz sentido" o que aconteceu e o suspeito "era a pessoa mais simpática que alguma vez" conheceu.
"Não sei mesmo o que aconteceu. Era um homem bom. Tomava conta dos filhos", referiu a mulher.
Um amigo de infância que falou também com a NBC News explica que os dois se conheceram em 1996, e seguiram depois caminhos diferentes - um para o Exército, o outro para a Força Aérea. Anos mais tarde, reconectaram-se, e segundo o que explicou o amigo, Chris Pousson, as publicações do Facebook de Jabbar indicavam uma tendência religiosa, mas que era tudo "positivo. Nada do que era publicado era negativo".
"Não via isto a acontecer", referiu on homem, dizendo que a última vez que falou com ele, em 2018, este lhe pareceu "calmo e reservado".
Ao contrário do que este amigo de infância relata, a CNN avança, citando autoridades que estão a investigar, que enquanto conduzia do Texas a caminho do Luisiana, fez vídeos nos quais abordava a morte da família. Segundo a mesma fonte, este pensava em juntar a família numa "celebração" para o fazer, mas terá mudado de planos e juntou-se ao Daesh. Terá ainda falado sobre sonhos que teve e que tinham motivado a participação com o grupo terrorista.
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