Um mês após a queda do regime de Bashar Al-Assad, o governo alemão enviou aos serviços da chefe da diplomacia europeia, Kaja Kallas, um pedido sobre o alívio das sanções, com vista a uma primeira discussão sobre o assunto na reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da EU no próximo dia 27, em Bruxelas, segundo as mesmas fontes.
Entre várias hipóteses levantadas, Berlim enumerou o facilitar transações financeiras com as novas autoridades sírias ou transferir capitais privados, nomeadamente de refugiados sírios, para o estrangeiro.
Outra possibilidade poderia ser o levantamento de certas sanções nos setores da energia e dos transportes aéreos, acrescentaram as fontes diplomáticas.
A UE impôs sanções à Síria que visavam "o regime de Assad e os seus apoiantes", além de afetar setores como o financeiro.
Após 13 anos de guerra, grupos armados liderados pelos radicais islâmicos da Organização Islâmica de Libertação do Levante (Hayat Tahrir al-Sham, HTS, em árabe) tomaram a capital síria, Damasco, a 08 de dezembro e depuseram o presidente Bashar al-Assad, que fugiu para a Rússia.
O governo de transição está a pressionar para o levantamento das sanções internacionais contra o país, mas muitas capitais, incluindo Washington, afirmaram esperar para ver como as novas autoridades exercem o seu poder antes de levantarem as restrições.
Os Estados Unidos aliviaram na segunda-feira algumas restrições ao Governo de transição da Síria para permitir a entrada de ajuda humanitária, depois da queda do ex-Presidente sírio Bashar Assad no mês passado, mas as sanções contra Damasco continuam em vigor.
O Departamento do Tesouro emitiu uma licença geral, com a duração de seis meses, que autoriza determinadas transações com o Governo sírio, incluindo vendas de energia, quando o país enfrenta cortes críticos de eletricidade.
Esta medida das autoridades de Washington não levanta as sanções à Síria, um país devastado por mais de uma década de guerra civil, mas indica uma demonstração limitada de apoio ao novo executivo de transição, liderado pelos rebeldes que afastaram Bashar al-Assad em 08 de dezembro.
Os chefes da diplomacia francesa e alemã, Jean-Noël Barrot e Annalena Baerbock, respetivamente, deslocaram-se a Damasco no passado dia 03 e reuniram-se com o novo líder do país, o islamista Ahmad al-Charaa.
Na quinta-feira, os governantes deverão encontrar-se, em Roma, com os seus homólogos da Itália, do Reino Unido e dos Estados Unidos para debater a situação na Síria.
Lançada a 27 de novembro, uma ofensiva relâmpago derrubou em 12 dias o regime do Presidente Bashar al-Assad, há 24 anos no poder na Síria, obrigando-o a abandonar o país com a família a 08 de dezembro e a pedir asilo político na Rússia.
A ofensiva, que na realidade eram duas combinadas -- "Dissuadir a Agressão", lançada pela Organização Islâmica de Libertação do Levante (Hayat Tahrir al-Sham, HTS, em árabe) que inclui o antigo ramo sírio da Al-Qaida, e "Amanhecer da Liberdade", liderada pelos rebeldes sírios - foi a primeira em grande escala em que as forças da oposição conquistaram território em Alepo desde 2016, quebrando o impasse de uma guerra civil iniciada em 2011, que matou mais de 300.000 pessoas e fez sair do país quase seis milhões de refugiados e que, formalmente, nunca terminou.
Os Presidentes turco e russo, Recep Tayyip Erdogan e Vladimir Putin, respetivamente, acordaram, em 2020, um cessar-fogo, após meses de combates em Idlib.
O reacendimento do conflito fez-se com esta ofensiva que partiu da cidade de Idlib, um bastião da oposição, em que os rebeldes conseguiram expulsar em poucos dias o Exército de Bashar al-Assad, apoiado pela Rússia e pelo Irão, das capitais provinciais de Alepo, Hama e Homs, abrindo caminho para Damasco, a capital do país, e pondo fim ao regime do clã Assad, iniciado em 1971, ano em que o pai de Bashar, Hafez al-Assad, tomou o poder através de um golpe de Estado.
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