Malala, que falou numa cimeira na capital do Paquistão, sobre a educação das raparigas, disse que "em Gaza, Israel dizimou todo o sistema educativo. Bombardearam todas as universidades" e "atacaram indiscriminadamente civis que se abrigavam nas escolas".
"Continuarei a denunciar as violações israelitas do direito internacional e dos direitos humanos", acrescentou, citada pela AFP, perante dezenas de representantes de países muçulmanos reunidos na capital paquistanesa.
"As crianças palestinianas perderam as suas vidas e o seu futuro", denunciou Malala Yousafzai.
"Uma rapariga palestiniana não pode ter o futuro que merece se a sua escola for bombardeada e a sua família morta", declarou.
Israel justifica as suas ações afirmando que os combatentes do Hamas estão escondidos nas escolas de Gaza, onde as famílias também se estão a refugiar.
Malala apelou ainda aos líderes muçulmanos para que não deem "legitimidade" aos talibãs que governam o Afeganistão.
"Para simplificar, os talibãs não consideram as mulheres como seres humanos", afirmou.
"Escondem os seus crimes sob justificações culturais e religiosas", vincou.
"Enquanto líderes muçulmanos, é tempo de erguerem a vossa voz, de usarem o vosso poder. Podem mostrar verdadeira autoridade", apelou.
Desde o regresso dos talibãs ao poder em 2021, o Afeganistão é o único país do mundo onde as raparigas e as mulheres não podem frequentar o ensino secundário ou a universidade.
O governo talibã foi convidado para a cimeira da educação, mas nenhum responsável compareceu, segundo Islamabad. Contactadas pela AFP, as autoridades afegãs não fizeram qualquer comentário imediato.
A ONU denunciou um "apartheid de género" imposto pelos talibãs desde o seu regresso ao poder, o que estes negam, alegando que a lei islâmica "garante" os direitos dos homens e das mulheres no país.
Malala Yousafzai foi atacada em 2012 pelos talibãs paquistaneses num autocarro escolar no remoto vale de Swat, perto da fronteira com o Afeganistão.
Os talibãs paquistaneses e afegãos são dois grupos diferentes, mas têm uma relação próxima e partilham uma ideologia semelhante, que despreza a educação das raparigas.
A ativista só regressou ao Paquistão algumas vezes desde a sua evacuação, há 12 anos, para o Reino Unido, onde vive atualmente e se tornou uma porta-voz mundial da educação das raparigas.
Em 2014, tornou-se a mais jovem vencedora do Prémio Nobel da Paz, atribuído aos 17 anos.
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