O general sudanês Al-Burhan chegou hoje a Bissau para aquela que é a primeira visita de um Presidente sudanês à Guiné-Bissau e que tem como propósito discutir com o homólogo a atual situação política do Sudão e dos países africanos em geral.
Perante uma guerra civil que dura há quase dois anos, o Presidente de transição do Sudão afirmou hoje que não vai negociar com os rebeldes, nem com os países que os apoiam.
Al-Burhan defendeu que os países africanos têm de deixar de procurar fora soluções para os seus problemas e tomar a iniciativa.
"É obrigatório para nós termos soluções que partam de nós próprios", considerou. E acrescentou: os que estão fora "é que trazem problemas para os nossos países", colocando-nos "debaixo do pé deles".
O chefe de Estado sudanês insistiu que "é importante" rejeitar "obrigações que vêm de fora" e considerou que o seu país está a revoltar-se contra "a nova colonização", à semelhança do que fizeram no passado outros países da costa de África.
"O Sudão está a enfrentar uma guerra que tem muitas ramificações com muitos países a imiscuir-se, principalmente essa frente de rebeldes de vem de outros países, sobretudo países vizinhos", apontou.
O general afirmou que "os rebeldes estão a cometer crimes que todo o mundo condena".
O Sudão enfrenta uma guerra civil, desde abril de 2023, com consequências que as Nações Unidas já classificaram da pior crise de deslocados do mundo, com dezenas de milhares de mortos e de refugiados, além da escassez de alimentos.
O conflito opõe as Forças Armadas Sudanesas (SAF) lideradas pelo Presidente Abdel Fattah Al-Burhan, e as Forças de Apoio Rápido (RSF) comandadas por Mohamed Hamdan Dagalo, anteriormente aliado Al-Burhan.
No encontro de hoje em Bissau, o Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, prometeu que "a Guiné-Bissau vai fazer tudo para usar a sua influência para alcançar a paz no Sudão e também fazer com que os irmãos se sentem à mesa porque só na base do diálogo" se pode alcançar um entendimento.
Sissoco Embaló lembrou que a Guiné-Bissau "já tem essa experiência" da guerra civil, em 1998, e defendeu que as partes em conflito no Sudão "têm que falar" para encontrar uma solução.
O Presidente da Guiné-Bissau referiu ainda que "há um ano e tal" recebeu o vice-presidente do Sudão, que hoje está na parte beligerante, assim como se encontrou "muitas vezes" com o presidente Al-Burhan nas Nações Unidas, na União Africana, ou na OCI, a Organização da Conferência Islâmica.
"Quero também dizer que vamos apelar à outra parte de que é necessário que as pessoas se sentem porque a guerra civil só traz destruição", disse Sissoco Embaló ao homólogo sudanês, na declaração conjunta à imprensa, sem direito a perguntas.
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