Cessar-fogo em Gaza em vigor a 19 de janeiro. Os detalhes do acordo

Acordo prevê uma fase inicial de cessar-fogo de seis semanas, a retirada gradual das forças israelitas e a troca de reféns por prisioneiros palestinianos. O governo israelita deverá votar o acordo nas próximas horas.

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© REUTERS/Ramadan Abed

Carmen Guilherme com Lusa
15/01/2025 18:53 ‧ há 2 horas por Carmen Guilherme com Lusa

Mundo

Médio Oriente

O primeiro-ministro do Qatar confirmou que os esforços do seu país, do Egito e dos Estados Unidos foram bem- sucedidos na obtenção de um acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza, como já havia sido noticiado.

 

Numa conferência de imprensa em Doha, Mohammed bin Abdulrahman Al Thani adiantou que o cessar-fogo entrará em vigor a 19 de janeiro, numa altura em que Israel e o Hamas continuam a trabalhar nas medidas de aplicação do acordo. 

Tal como já tinha sido noticiado, a primeira frase do acordo inclui o aumento do fluxo de ajuda humanitária em todo o enclave e permitirá que centenas de milhares de pessoas deslocadas em Gaza regressem ao que resta das suas casas. 

Além disso, está também prevista a libertação de 33 reféns israelitas e o regresso de prisioneiros palestinianos das prisões israelitas. 

A primeira fase vai durar 42 dias (seis semanas). "As forças israelitas serão posicionadas ao longo da fronteira com Gaza, permitindo a troca de prisioneiros e corpos, juntamente com o regresso de pessoas deslocadas para as suas residências", disse, acrescentando que está também prevista "a reabilitação dos hospitais e centros de saúde". 

Os detalhes da segunda e terceira fases do acordo serão finalizados quando a primeira fase for implementada com sucesso, esperando-se um cessar-fogo permanente e a retirada total dos soldados israelitas da Faixa de Gaza. 

"Esperemos que esta seja a última página na guerra", disse. "Nunca abandonaremos o povo de Gaza", acrescentou o responsável. 

O primeiro-ministro do Qatar admitiu que a garantia de que o acordo irá para além da primeira fase depende do Hamas e de Israel, mas mostrou-se confiante, garantindo que três países irão monitorizar a implementação do acordo - Qatar,  Egito e Estados Unidos vão controlar a aplicação da resolução através de um mecanismo de vigilância estabelecido no Cairo.

"Esperamos que as partes cumpram o acordo", disse, reconhecendo que o processo é complexo. 

O acordo ainda precisa ser aprovado pelo gabinete do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, o que deverá acontecer na quinta-feira.  

Muitas questões de longo prazo sobre Gaza no pós-guerra permanecem, incluindo quem governará o território ou supervisionará a difícil tarefa de reconstrução.

Ainda assim, o anúncio de um cessar-fogo oferece o primeiro sinal de esperança em meses de que Israel e o Hamas podem pôr fim à guerra mais mortal e destrutiva que já travaram, um conflito que desestabilizou o Oriente Médio em geral e desencadeou protestos em todo o mundo.

O Hamas desencadeou a guerra após atacar Israel a 7 de outubro de 2023, matando cerca de 1.200 israelitas e sequestrando cerca de 250.

Israel respondeu com uma ofensiva que matou mais de 46.000 palestinianos, de acordo com as autoridades de saúde locais, controladas pelo Hamas, e forçou a deslocação de cerca de 90% da população de Gaza, desencadeando uma crise humanitária.

Mais de 100 reféns foram libertados de Gaza numa trégua de uma semana em novembro de 2023.

[Notícia atualizada às 19h17]

Leia Também: Guerra de 15 meses em Gaza pode chegar ao fim. O que se sabe do acordo?

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