Benjamin Netanyahu mencionou uma divergência de última hora com o Hamas para suspender a aprovação do acordo, enquanto as tensões em crescimento dentro do seu governo colocam dúvidas sobre a efetiva aplicação do acordo, apenas um dia depois de o presidente dos EUA, Joe Biden e o mediador central, o Qatar, terem garantido que estava adquirido.
Isto criou uma realidade dual: os palestinianos cansados da guerra na Faixa de Gaza, os familiares dos reféns israelitas mantidos no enclave e os líderes mundiais saudaram o resultado das conversações diplomáticas, mesmo com Netanyahu a adiar a votação do governo, que tinha sido marcada para quinta-feira, para hoje, pelo menos.
Netanyahu acusou o Hamas de renegar partes do acordo, para obter mais concessões - sem especificar quais partes.
Mas o Hamas, através de um dos seus principais dirigentes, Izzat al-Rishq, a garantir que o grupo "está comprometido com o acordo de cessar-fogo que foi anunciado pelos mediadores".
Está por esclarecer até que ponto a suspensão da aprovação do acordo - inicialmente previsto para começar a vigorar no domingo - pelo governo israelita está a refletir jogadas de Netanyahu para manter o seu Executivo.
O acordo de cessar-fogo suscitou uma resistência forte de dois dos principais membros da coligação, dos quais Netanyahu depende para se manter no cargo, os partidos de Itamar Ben-Gvir e de Bezalel Smotrich.
Aquele ameaçou demitir-se, considerando o cessar-fogo "irresponsável" e que iria "destruiu tudo o que Israel conseguiu".
A eventual saída do partido de Ben-Gvir da coligação reduziria o seu apoio parlamentar de 68 para 62, ainda com maioria. Ben-Gvir já disse que, caso saísse, regressaria à coligação se Israel retomasse a guerra.
Smotrich, também oposto ao cessar-fogo, exigiu a Netanyahu que prometesse que retomaria as ações militares depois da primeira fase do acordo como condição para o seu partido permanecer na coligação.
Por esclarecer estão todas as questões relativas ao futuro da Faixa de Gaza, desde logo a sua governação em um eventual período de pós-guerra, mas também o financiamento e controlo da monumental obra de reconstrução.
E quanto ao Hamas, mesmo com a morte dos seus principais dirigentes, coloca-se a perspetiva de uma insurgência prolongada no caso de prolongamento da ofensiva israelita, dada a dimensão do recrutamento, que compensou parte importante das perdas sofridas.
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