Perto do regresso dos Trump à Casa Branca e coincidindo com o início da promoção de um documentário sobre a sua vida que será lançado em 2025, Melania deu uma entrevista à televisão norte-americana Fox News, na qual disse esperar que este novo período na Casa Branca seja muito produtivo.
"Não tive grande apoio", disse Melania, lamentando que alguns a vissem apenas como a mulher do Donald Trump, que cumpriu um primeiro mandato presidencial entre 2017 e 2021 e que retorna na próxima segunda-feira para o seu segundo mandato.
"Sou independente e tenho o meu próprio valor. Tenho as minhas próprias ideias, os meus próprios 'sim' e 'não'", afirmou.
"É um momento emocionante", disse na entrevista sobre o seu retorno à Casa Branca.
Melania Trump queixou-se de não ter tido ajuda suficiente para levar adiante o seu projeto sobre saúde mental e combate ao 'bullying' na internet entre jovens durante o primeiro mandato do seu marido, mas disse que o vai retomar agora como parte das suas funções como primeira-dama.
Será a segunda mulher na história dos Estados Unidos a cumprir dois mandatos não consecutivos como primeira-dama, depois de Frances Cleveland. Melania, de 54 anos e de origem eslovena, confirmou que vai residir uma boa parte do tempo na Casa Branca, acabando assim com outro rumor recorrente de que estaria a se distanciar de Donald Trump.
Ao longo da campanha presidencial, e ao contrário de Douglas Emhoff, marido de Kamala Harris, Melania optou por permanecer em segundo plano e quase não participou dos eventos eleitorais, exceto ao ser vista ao lado do marido ou dizer algumas breves palavras no comício do Madison Square Garden, em Nova Iorque.
A sua discrição só foi interrompida em momentos muito específicos nos últimos anos, como na tentativa de assassínio do marido, ou para mostrar o seu apoio ao aborto - uma questão espinhosa dentro do Partido Republicano e que o seu marido deixa nas mãos dos governos locais.
Melania não se revelou uma primeira-dama com um interesse excessivo pela política, como fizeram diversas das suas antecessoras, como Hillary Clinton, embora algumas das suas ideias não estejam muito distantes das do seu marido, como ela própria deu a entender em entrevistas e declarações.
No seu livro 'Melania', a primeira-dama defendeu fortemente o direito ao aborto, mas também simpatiza com as teorias de fraude eleitoral, nomeadamente nas presidenciais de 2020, também abertamente apoiadas e divulgadas por Donald Trump.
"Não sou a única pessoa que questiona os resultados", afirmou, acrescentando que não conseguiu compreender completamente a dimensão dos tumultos de 06 de janeiro, quando ocorre a invasão do Congresso.
Ao ser questionada sobre as políticas do marido e com a sua retórica agressiva anti-imigração, dada a sua origem e a da sua família, respondeu que veio para os Estados Unidos legalmente.
No entanto, a forma como Melania obteve residência permanente não é isenta de controvérsia. Em 2018, foi revelado que em 2000 --- quando era namorada de Trump e ainda tinha o apelido Knauss --- solicitou e obteve o chamado "visto Einstein", que geralmente reconhece os estrangeiros com "habilidades extraordinárias".
Não ficou claro como o Governo dos Estados Unidos concedeu residência a uma modelo eslovena através de um programa que normalmente beneficia académicos de renome, atletas de elite, atores de cinema premiados ou altos executivos.
Isto ocorreu após especulações sobre como os seus pais também obtiveram residência permanente nos Estados Unidos e se foi através do processo de reagrupamento familiar, que Trump quis eliminar e que descreveu como "imigração em cadeia".
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