A União Democrata-Cristã (CDU), coligada com a congénere bávara União Social-Cristã (CSU), lidera de forma consistente as sondagens, com intenções de voto a rondar os 30%.
Merz só foi eleito à terceira tentativa presidente do partido, há precisamente três anos, depois de se ter afastado da política em 2009, altura em que se envolveu no mundo das finanças e fez fortuna.
Possui dois aviões, um dos quais ele próprio pilota, e renunciou no ano passado às funções na empresa que liderava, a Blackrock, uma das maiores gestoras de ativos financeiros do mundo.
Esta espera para chegar à liderança da CDU fez destacar uma das características mais reconhecidas por aliados e adversários: a paciência.
Há quem lhe atribua uma outra: a sede de vingança de Angela Merkel, que o demitiu da presidência do grupo parlamentar em 2000 -- uma imagem que tem procurado suavizar, segundo a agência AFP.
Histórico rival da antiga líder da CDU e chanceler alemã, prometeu um regresso à linha conservadora tradicional do partido, após um posicionamento mais ao centro protagonizado por Merkel, que esteve 16 anos no poder.
O presidente democrata-cristão conseguiu, nestes três anos, relançar um partido que tinha mergulhado numa profunda crise após a derrota nas eleições legislativas de 26 de setembro de 2021, que colocaram Olaf Scholz (Partido Social Democrata - SPD) no poder, em coligação com os Verdes e os liberais do FDP.
Conhecido pelas suas mudanças de humor, o meio 'online' Politico descreve também que Merz não aceita bem a contestação e, na corrida para a chefia da CDU, "levou a cabo uma ofensiva nos bastidores contra alguns dos seus críticos, ameaçando jornalistas com ações judiciais e pedindo a um tribunal que silenciasse um rival político por causa de um 'tweet'".
Agora, aos 69 anos, poderá alcançar a chefia do Governo alemão, mas provavelmente precisará de parceiros, um cenário ainda com muitas incógnitas a menos de um mês das eleições, que foram antecipadas em sete meses devido à queda da chamada 'coligação-semáforo' chefiada por Scholz.
Merz tem rejeitado repetidamente qualquer hipótese de acordos com a extrema-direita alemã, cujo partido Alternativa para a Alemanha (AfD) está em segundo lugar nas sondagens, com cerca de 20% das intenções de voto.
Os partidos tradicionais alemães invocam um 'cordão sanitário' para isolar a AfD, mas os alarmes dispararam esta semana quando Merz aceitou o apoio deste partido, até agora marginalizado no Bundestag (câmara baixa do parlamento), para aprovar propostas mais duras contra a imigração -- uma posição criticada até por Merkel.
Também o SPD e os Verdes - atualmente no governo minoritário e respetivamente em terceiro e quarto lugares nas sondagens -- condenaram duramente este passo e recordaram que algumas propostas contrariam as leis europeias, o que o líder conservador nega.
Católico, casado com uma advogada há mais de 40 anos e pai de três filhos, o seu partido já se pronunciou contra a paridade entre homens e mulheres num Governo e afirmou que pretende anular a lei aprovada pelo executivo de Olaf Scholz para facilitar a mudança de género.
Segundo uma análise do semanário Die Zeit, Merz é "a resposta da CDU ao sucesso da AfD", que está a conquistar apoio com a sua posição anti-imigração e anti-'woke'.
Por vezes, tem usado uma retórica semelhante à da extrema-direita, descrevendo os alegados autores de motins em Berlim em 2022 como "pequenos paxás" da "zona árabe".
No mesmo ano, acusou os ucranianos que se refugiaram na Alemanha após a invasão russa, sobretudo mulheres e crianças, de praticarem "turismo social" para receber subsídios, antes de pedir desculpa. Friedrich Merz é, no entanto, um dos mais fervorosos apoiantes declarados da ajuda militar a Kiev.
Europeísta e atlanticista convicto, comprometeu-se igualmente a abrir "um novo capítulo" com os Estados Unidos de Donald Trump, ao mesmo tempo que defende uma "Europa unida" face ao novo Presidente norte-americano.
Um dos 'slogans' de campanha da CDU - "Uma Alemanha de que nos possamos orgulhar de novo", depois de duas recessões sucessivas no país - faz lembrar o slogan de Trump para "Tornar a América grande de novo".
Promete também recuperar a voz da Alemanha no contexto internacional, em particular na União Europeia -- um aspeto em que critica o chanceler alemão, Olaf Scholz.
Com ele, a Alemanha mostrará "a sua força" e desempenhará um papel de "liderança" na Europa: o conservador Friedrich Merz é a antítese da diplomacia tranquila de Olaf Scholz.
A sua piada preferida é uma interpelação exasperada que terá sido lançada ao líder social-democrata por um dos seus homólogos europeus durante uma cimeira dos 27: "Olaf, diz qualquer coisa!".
Friedrich Merz diz que quer disponibilizar recursos sustentáveis para a Defesa, mas o seu partido continua dividido quanto à flexibilização das regras draconianas da dívida do país, de modo a aumentar as despesas militares.
Merz quer apostar no relançamento da terceira maior economia do mundo e a ideia-chave é "restaurar a competitividade" da Alemanha.
As propostas incluem a redução dos impostos sobre as empresas e da burocracia, e o endurecimento das regras dos "subsídios de cidadania", uma prestação paga aos desempregados, para os forçar a regressar ao mercado de trabalho.
Os sociais-democratas gostam de sublinhar a "inexperiência" deste eleito, que não exerceu qualquer cargo governamental, mas teve uma série de mandatos no Bundestag e no Parlamento Europeu (1989-1994).
No entanto, uma sondagem do Instituto Forsa, realizada em novembro, revela que 47% dos inquiridos confiam na sua capacidade para relançar a economia, contra 16% de Olaf Scholz.
Leia Também: Alemanha. Congresso da CDU na mira dos protestos anti-extrema-direita