"Homens armados cometeram um massacre na sexta-feira à noite, matando dez civis na aldeia de Arzé", no norte da província de Hama, habitada por membros da comunidade alauita, refere o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
Os alauitas, uma minoria xiita no país, constituem uma tribo que foi a elite do país nos últimos 60 anos, agora deposta por uma coligação de movimentos opositores.
Vários observadores alertaram para o risco de confrontos religiosos e étnicos no país e o atual Presidente interino, Ahmed al-Charaa, já disse que pretende dar prioridade à paz civil e "completar a unidade territorial" no país, confirmando a realização de uma conferência de diálogo nacional.
Para o antigo líder rebelde, indicado na quarta-feira para Presidente interino pelo novo poder em Damasco, a soberania síria deverá permanecer "sob uma única autoridade", num país dividido pela guerra que perdurou quase 14 anos e que mantém focos de violência armada no norte e sul do país.
Dois meses após a deposição do regime autoritário de Bashar al-Assad, o líder sírio confirmou a realização de uma conferência de diálogo nacional e anunciou "um conselho legislativo restrito", substituindo o parlamento, dissolvido na quarta-feira.
Após estas etapas, uma "declaração constitucional" servirá de "referência legal" durante o período de transição, substituindo a lei fundamental que estava em vigor desde 2012 e também já revogada.
As novas autoridades sírias são lideradas pelo antigo grupo rebelde islamita Organização para a Libertação do Levante (Hayat Tahrir al-Sham, HTS), de al-Charaa, que se aliou aos movimentos armados apoiados pela Turquia na ofensiva relâmpago que derrubou Assad.
Apesar das suas origens islamitas e com ligações anteriores a grupos terroristas, o novo poder sírio tem procurado tranquilizar o país e a comunidade internacional, expressando mensagens de integração da diversidade política e religiosa do país.
Leia Também: Comissão da ONU diz que há "muitas provas" intactas de crimes na Síria