O responsável máximo das Nações Unidas condenou também a descoberta de cerca de uma centena de esconderijos de armas pertencentes o grupo xiita Hezbollah e a outros atores, desde a entrada em vigor do cessar-fogo, há 50 dias.
"A contínua ocupação por parte das Forças Armadas de Israel da área de operações da FINUL e a realização de operações militares em território libanês são violações à Resolução 1701 (...) Têm de acabar", disse aos Capacetes Azuis, durante uma visita ao seu quartel-general em Naqoura, no sul do Líbano.
O acordo de cessação das hostilidades alcançado no final de novembro entre o Líbano e Israel prevê a retirada israelita dos territórios libaneses ocupados durante a sua ofensiva e a proibição de detenção de armas por atores não-estatais nas regiões fronteiriças, tal como estipulado na Resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU.
Esse texto pôs fim à anterior guerra de 2006 e é igualmente a base do recente acordo de cessar-fogo, cujo prazo termina em finais deste mês, ante expectativas de que seja prolongado por mais 60 dias.
Por isso Guterres criticou também o facto de, desde a entrada em vigor do pacto, a 27 de novembro, a FINUL ter descoberto mais de 100 esconderijos de armas pertencentes ao Hezbollah e a outros grupos na faixa de território que vai da fronteira 'de facto' até ao rio Litani, outra violação da resolução.
O responsável prometeu abordar este assunto com os líderes libaneses com quem tem agendadas reuniões hoje à tarde, segundo a hora local, e no sábado em Beirute, durante a última etapa de uma visita oficial de três dias ao Líbano.
Hoje, António Guterres aproveitou a ida ao sul do país para elogiar o trabalho dos 10.000 Capacetes Azuis destacados na zona e para lhes explicar que a ONU teve muito em conta a sua segurança quando decidiu mantê-los no terreno durante a dura ofensiva israelita do outono passado.
"Fui mais claro que a água: todas as partes têm a obrigação de garantir a segurança do nosso pessoal, a inviolabilidade das instalações da ONU deve ser respeitada em todos os momentos, os ataques às forças de manutenção da paz da ONU são completamente inaceitáveis", sublinhou o secretário-geral.
"São uma violação do Direito Internacional, contrários ao direito humanitário internacional e podem constituir um crime de guerra", acrescentou.
Desde o início da invasão israelita de partes do sul do Líbano, a 01 de outubro do ano passado, após uma ofensiva aérea intensiva contra o país, a FINUL denunciou uma série de ataques às suas posições por parte das forças do Estado judaico, incluindo ao seu quartel-general em Naqoura.
Guterres considerou que o cessar-fogo representa uma oportunidade para apoiar as partes a alcançar a estabilidade na região e transmitiu à missão de paz o seu "apoio total" para que efetuem os ajustamentos que considerem necessários nesta nova fase, sem referir medidas específicas.
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