Han Zheng, que serve como enviado do Presidente chinês, Xi Jinping, na tomada de posse, "discutiu uma série de tópicos, incluindo o fentanil, o equilíbrio no comércio e a estabilidade regional" com J.D. Vance, de acordo com a equipa de transição de Trump.
Han sublinhou os "amplos interesses comuns e o enorme espaço de cooperação" que os Estados Unidos e a China partilham nas relações económicas e comerciais, apesar de "alguns desacordos e fricções", de acordo com uma leitura da reunião emitida hoje pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.
Trump ameaçou impor taxas e outras medidas protecionistas contra a China no seu segundo mandato, ao mesmo tempo que deu a entender que as duas potências rivais poderiam cooperar em questões como os conflitos regionais e a redução da exportação de substâncias utilizadas na produção de fentanil.
Numa atitude pouco ortodoxa, Trump convidou Xi para a sua tomada de posse no mês passado. Nenhum chefe de Estado fez anteriormente uma visita oficial aos EUA para a cerimônia, de acordo com os registos históricos do Departamento de Estado norte-americano.
Embora Xi não vá participar pessoalmente no evento, ele e Trump mantiveram uma chamada telefónica na sexta-feira, durante a qual discutiram o comércio, o fentanil e o bloqueio da plataforma de partilha de vídeos TikTok.
O TikTok restaurou o serviço para utilizadores nos EUA no domingo, poucas horas depois de ficar inacessível, em resposta a uma proibição federal, que Trump disse que iria travar hoje por ordem executiva.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros da China elogiou hoje o papel do TikTok na promoção do emprego nos EUA.
"Esperamos que os EUA ouçam vozes racionais e forneçam um ambiente de negócios aberto, justo e não discriminatório para entidades de mercado de todos os países que operam nos EUA", disse a porta-voz do ministério Mao Ning.
Han também se reuniu com Musk e outros altos executivos dos EUA, incluindo representantes do Conselho Empresarial EUA - China e da Câmara de Comércio dos EUA em Washington, D.C., de acordo com a diplomacia chinesa.
O vice-presidente chinês reiterou as promessas de um melhor ambiente de negócios para as empresas estrangeiras na China e expressou a esperança de que as empresas norte-americanas continuem a expandir o investimento no país.
Musk, cuja empresa Tesla opera uma fábrica em Xangai, afirmou na sua plataforma X após a reunião que há muito se opõe à proibição do TikTok "porque vai contra a liberdade de expressão".
"Dito isto, a situação atual em que o TikTok é autorizado a operar na América, mas o X não é autorizado a operar na China é desequilibrada", escreveu. "Algo precisa de mudar".
O X é proibido na China, juntamente com outras redes sociais, incluindo YouTube, Google, Facebook e muitos dos principais órgãos de comunicação dos EUA.
Han Zheng é um sobrevivente de longa data da política chinesa, que ascendeu da labuta nos campos e em fábricas até à cúpula do poder no país.
Tal como muitos jovens chineses, Han foi enviado para o campo durante a Revolução Cultural para "aprender com os camponeses", por ordem do então líder Mao Zedong. Muitos, ao regressarem às cidades, encontraram emprego em indústrias estatais.
Han, de 70 anos, subiu na hierarquia do centro financeiro de Xangai durante as décadas de 1980 e 1990, numa altura em que a economia chinesa se estava a abrir ao mundo, ocupando simultaneamente cargos no Partido Comunista e cargos de gestão nas indústrias química e da borracha.
Em 2017, Han integrou o Comité Permanente do Politburo do Partido Comunista, a cúpula do poder na China, composto por sete membros, e, depois de cumprir um mandato de cinco anos, foi-lhe atribuído o cargo de vice-presidente do país.
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