Ucrânia contra negociações de paz entre Putin e Trump sem Kyiv e Europa

A Presidência ucraniana advertiu hoje de que a Ucrânia se opõe a quaisquer negociações de paz entre o Presidente russo, Vladimir Putin, e o homólogo norte-americano, Donald Trump, se Kiev e a Europa não estiverem envolvidas.

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© Presidência da Ucrânia

Lusa
24/01/2025 17:41 ‧ há 5 horas por Lusa

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Putin quer "negociar o destino da Europa sem a Europa. Quer falar sobre a Ucrânia sem a Ucrânia. Isso não vai acontecer. O próprio Putin tem de voltar à realidade, ou será trazido de volta à realidade", afirmou o chefe do gabinete presidencial ucraniano, Andriï Iermak, na plataforma digital Telegram.

 

A Ucrânia receia também ser pressionada a ir para a mesa das negociações numa posição de desvantagem, uma vez que está com dificuldades na linha da frente, e ver-se obrigada a ceder à Rússia território já por estar ocupado.

O chefe de Estado ucraniano, Volodymyr Zelensky, há muito contra qualquer negociação com Moscovo, aventou recentemente tal hipótese, mas condicionou-a a sólidas garantias de segurança por parte do Ocidente.

O Kremlin (presidência russa), por sua vez, exige essencialmente que a Ucrânia se renda, renuncie à adesão à NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco de defesa ocidental) e ceda à Rússia os territórios ucranianos que esta reivindicou como anexados -- condições inaceitáveis para Kyiv.

A reação ucraniana surge horas depois de Putin se ter hoje declarado "pronto" para negociações sobre o conflito na Ucrânia com Trump, embora nem Moscovo nem Washington tenham apresentado um calendário ou uma agenda para essa discussão há muito esperada.

Moscovo, Kyiv e os seus aliados estão atentos à posição que o imprevisível novo inquilino da Casa Branca (presidência norte-americana) irá adotar em relação à guerra russa na Ucrânia, à qual já afirmou várias vezes que poria rapidamente fim, mas sem nunca explicar como.

Uma conversa entre Donald Trump e Vladimir Putin, há muito referida mas ainda não concretizada, é vista como um passo importante. Desde há uma semana, tanto o Kremlin como a Casa Branca têm vindo a afirmar que pretendem esse diálogo.

O Presidente dos Estados Unidos "declarou que está pronto para trabalhar em conjunto", congratulou-se hoje Vladimir Putin, numa entrevista à televisão estatal russa.

"Nós sempre dissemos, e gostaria de sublinhar mais uma vez, que estamos prontos para essas negociações sobre as questões ucranianas", acrescentou o líder do Kremlin.

Antes, o porta-voz da Presidência russa, Dmitri Peskov, tinha afirmado aguardar "sinais" de Washington sobre o assunto.

Peskov não forneceu qualquer indicação quanto ao calendário ou à natureza de tais sinais, depois de, na quinta-feira, Trump ter afirmado estar preparado para se reunir com Putin "assim que possível", até mesmo "de imediato".

Condenando "uma guerra ridícula", Trump garantiu ao Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que estava "pronto para negociar um acordo".

As posições do novo chefe de Estado norte-americano são difíceis de definir nesta fase. O seu país é o principal apoiante militar da Ucrânia, e Trump já criticou esta ajuda em várias ocasiões, mas também ameaçou recentemente Moscovo com mais sanções se não for alcançado um acordo com Kyiv.

Putin afirmou que a "crise na Ucrânia" em 2022, ano da invasão russa do país, poderia ter sido evitada se Donald Trump "fosse Presidente, se não lhe tivessem roubado a vitória em 2020".

Ao fazê-lo, fez eco das afirmações infundadas de Trump sobre uma alegada fraude eleitoral em 2020, que incitaram apoiantes seus a invadir o Capitólio, a 06 de janeiro de 2021, enquanto estavam reunidas as duas câmaras do Congresso para certificar a vitória presidencial do democrata Joe Biden no escrutínio.

No total, 1.600 participantes na invasão do Capitólio, detidos, julgados e condenados pela justiça dos Estados Unidos, foram agora indultados por Trump, numa das centenas de ordens executivas que assinou no seu primeiro dia de regresso à Casa Branca.

Na quinta-feira, num discurso proferido no Fórum Económico Mundial de Davos, Donald Trump apelou para que se atingissem os bolsos da Rússia, baixando os preços do petróleo.

Se os preços do petróleo fossem mais baixos, comentou, "a guerra na Ucrânia acabaria imediatamente".

Vladimir Putin, elogiando o caráter "pragmático" e "inteligente" de Donald Trump, afirmou que este não tomaria tal decisão, que também prejudicaria "a economia norte-americana".

Dmitri Peskov respondeu hoje que o conflito na Ucrânia "não depende dos preços do petróleo", mas "decorre de uma ameaça à segurança nacional russa".

O regresso de Donald Trump à Casa Branca ocorre numa altura em que a Rússia está indubitavelmente em vantagem na linha da frente.

O Ministério da Defesa russo anunciou hoje a tomada de Tymofievka, uma pequena aldeia na região de Donetsk, no leste da Ucrânia.

A centenas de quilómetros da frente, os ataques russos mataram três pessoas na região de Kyiv, segundo um novo balanço hoje anunciado pelas autoridades ucranianas.

Por seu lado, o Ministério da Defesa russo afirmou hoje ter abatido 120 'drones' (aeronaves não-tripuladas) ucranianos sobre 12 das suas regiões, entre as quais Moscovo, num dos maiores ataques deste tipo contra o seu território desde o início da guerra, a 24 de fevereiro de 2022.

O Exército ucraniano reivindicou um ataque noturno com 'drones' a uma refinaria na região de Ryazan, a sul de Moscovo, bem como a uma fábrica de microcomponentes utilizados na produção de armas na região de Bryansk, a sudoeste da capital russa.

As informações divulgadas pelas duas partes sobre o curso da guerra não podem ser verificadas de imediato de forma independente.

Leia Também: "Trump é pragmático". Putin "duvida" que EUA avancem com sanções

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