"O Conselho de Segurança deve impor sanções específicas, incluindo o congelamento de bens e a proibição de viajar, não só contra membros identificados da cadeia de comando das Forças Armadas ruandesas, mas também contra os responsáveis políticos por esta agressão", disse a ministra dos Negócios Estrangeiros da RDCongo, Therese Kayikwamba Wagner.
Uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, agendada inicialmente para segunda-feira, foi antecipada para hoje.
Nesta reunião, a chefe da diplomacia congolesa pediu também um "embargo total às exportações de todos os minerais rotulados como ruandeses".
Wagner acusou ainda o Ruanda de ter enviado mais tropas para a região leste da RDCongo, no que considerou ser um gesto de "declaração de guerra".
"Enquanto compareço aqui, um ataque de gravidade sem precedentes está a ocorrer diante dos olhos do mundo. Novas tropas ruandesas atravessaram os marcos 12 e 13 do posto fronteiriço que separa Goma (na RDCongo) de Gisenyi (no Ruanda), entrando no nosso território em plena luz do dia, numa violação aberta e deliberada da nossa soberania nacional", disse a chefe da diplomacia congolesa, na reunão de emergência da ONU.
"Esta é uma agressão frontal, uma declaração de guerra que já não se esconde atrás de gestos diplomáticos", denunciou Wagner.
Na reunião do Conselho de Segurança, juntando-se a posições de vários países, incluindo o Reino Unido, os Estados Unidos condenaram a ofensiva do Ruanda e do Movimento 23 de Março (M23), avisando que Washington utilizará "todos os meios ao seu alcance" contra quem alimentar o conflito.
"Condenamos nos termos mais fortes as hostilidades do Ruanda e do M23 em Goma", disse Dorothy Shea, embaixadora interina norte-americana, na reunião de emergência.
Os combates entre o Exército congolês e o grupo armado antigovernamental M23, apoiado pelo Ruanda, decorrem às portas da cidade de Goma, a capital regional do Kivu do Norte, que tem uma população de um milhão de habitantes e pelo menos o mesmo número de deslocados.
O conflito entre o M23, apoiado por 3.000 a 4.000 soldados ruandeses, segundo a ONU, e o Exército congolês dura há mais de três anos.
A RDCongo acusa o Ruanda de querer apoderar-se das riquezas do leste do Congo, o que Kigali nega.
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