Um porta-voz das Forças de Defesa do Ruanda, Ronald Rwivanga, disse à agência noticiosa France-Presse (AFP) que "cinco pessoas foram mortas e 25 ficaram gravemente feridas" nas imediações de Gisenyi, que faz fronteira com Goma, a capital de Kivu do Norte.
Hoje, foram foram registados vários confrontos ao longo da fronteira.
Uma fonte diplomática confirmou à AFP que, durante a manhã, se registaram trocas de tiros entre as tropas congolesas e ruandesas de ambos os lados de um posto fronteiriço em Goma.
A entrada do Movimento 23 de Março (M23) na capital da província de Kivu do Norte, que tem um milhão de habitantes e outros tantos deslocados, marca o fim de várias semanas de avanços dos combatentes do M23 e dos soldados ruandeses contra um exército congolês que parece estar a ser dominado.
O M23 - constituído em 04 de abril de 2012, quando 300 soldados das Forças Armadas da RDCongo se sublevaram por alegado incumprimento do acordo de paz de 23 de março de 2009, que dá nome ao movimento, e pela perda de poder do então líder, Bosco Ntaganda - voltou a pegar em armas no final de 2021, depois de uma década adormecido.
"Goma está prestes a cair", lamentou esta manhã em Bruxelas o ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Jean-Noël Barrot, condenando veementemente a ofensiva militar.
Todavia, o M23 declarou hoje de manhã ter capturado a cidade de Goma e pediu, num comunicado, que os residentes mantivessem a calma.
A captura da cidade ocorreu após um período de 48 horas imposto pelo M23 para que o exército da RDCongo depusesse as armas.
Algumas unidades do exército tinham começado a render-se, entregando as armas às forças de manutenção da paz da ONU em Goma, disse o exército do Uruguai, em comunicado.
A Missão das Nações Unidas na República Democrática do Congo (MONUSCO), que inclui soldados uruguaios, esteve envolvida na luta contra o M23 ao lado do exército congolês.
O Governo da RDCongo não fez até ao momento qualquer comentário sobre a alegada captura de Goma pelos rebeldes.
O conflito entre o M23, apoiado por três mil a quatro mil soldados do Ruanda, segundo a ONU, e o exército congolês dura há mais de três anos.
Soldados ruandeses e combatentes do M23 já tinham entrado na cidade de Goma no domingo, de acordo com várias fontes da ONU e das forças de segurança.
Uma mediação entre a RDCongo e o Ruanda sob a égide do Presidente angolano, João Lourenço, mandatado pela União Africana, falhou em dezembro devido à falta de consenso sobre as condições de um acordo.
A RDCongo acusa o Ruanda de querer apoderar-se das riquezas do leste do país, algo que Kigali nega.
A diplomacia congolesa pediu no domingo ao Conselho de Segurança da ONU para impor sanções políticas e económicas contra o Ruanda.
O Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados disse que o agravar dos combates deslocou 400 mil pessoas nas últimas três semanas, juntando-se aos mais de quatro milhões de deslocados que já se encontram em "condições deploráveis" no leste do país.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, apelou no domingo ao Ruanda para se retirar de território congolês e retirar o apoio ao M23.
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