"A situação política na RDCongo será discutida, com foco na paz e segurança na região", na reunião que vai decorrer me Harare, disse o porta-voz do Governo do Zimbabué, Nick Mangwana.
O Presidente do Zimbabué, Emmerson Mnangagwa, na sua qualidade de Presidente rotativo da SADC, condenou, segunda-feira, os ataques contra as forças de manutenção da paz da ONU e da SADC no leste da RDCongo por grupos rebeldes como o Movimento 23 de março (M23).
A cimeira foi convocada depois da morte de quatro soldados sul-africanos em combates com o M23, confirmada pela Força de Defesa sul-africana, elevando para 13 o número de soldados sul-africanos mortos desde a semana passada.
A maioria dos soldados fazia parte da missão da SADC, conhecida como SAMIDRC, destacada para apoiar o exército democrático-congolês contra grupos rebeldes, especialmente o M23, desde dezembro de 2023.
Outros faziam parte da Missão de Estabilização das Nações Unidas na República Democrática do Congo (Monusco).
Três soldados malauianos foram também mortos em recentes confrontos com o M23, que intensificou os combates com o exército da RDCongo na semana passada, informou o exército malauiano no sábado.
O agravar do conflito no leste da RDCongo, país vizinho de Angola, fez surgir manifestações na capital, Kinshasa, que evoluíram para atos classificados pelo Governo de "vandalismo", em que várias embaixadas foram atacadas.
"O Governo congolês deseja exprimir o seu pesar pelos atos de vandalismo cometidos pelos manifestantes", declarou hoje o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) e da Cooperação Internacional numa carta dirigida às missões diplomáticas acreditadas em Kinshasa.
O MNE garantiu que "todas as medidas práticas estão a ser tomadas para assegurar a proteção das missões diplomáticas, do seu pessoal e dos seus bens".
O Governo apelou "a prudência e a moderação do pessoal diplomático e estrangeiro".
A carta foi publicada depois de vários países, como a França e o Quénia, terem protestado contra o ataque de manifestantes às suas embaixadas em Kinshasa e a falta de proteção por parte das autoridades da RDCongo.
Grupos de manifestantes atacaram várias embaixadas na capital durante os protestos de hoje contra o agravar do conflito no leste do país, onde o grupo rebelde Movimento 23 de Março (M23) tomou a cidade de Goma, capital de Kivu do Norte, e o seu aeroporto.
As embaixadas mais afetadas por estes ataques, que incluíram a queima de pneus em frente aos seus edifícios e pilhagens, foram as dos Estados Unidos da América, França, Bélgica, Uganda, Quénia e Ruanda, país que os manifestantes acusam de apoiar os rebeldes do M23, facto confirmado pela ONU, embora Kigali o negue.
Por sua vez, o Ruanda e o M23 acusam o exército congolês de cooperar com o grupo rebelde Forças Democráticas para a Libertação do Ruanda (FDLR), fundado em 2000 por líderes do genocídio de 1994 e outros ruandeses exilados na RDCongo para recuperar o poder político no seu país, uma colaboração também confirmada pela ONU.
O M23 voltou a pegar em armas no final de 2021, depois de uma década adormecido. O movimento foi constituído em 04 de abril de 2012, quando 300 soldados das Forças Armadas da RDCongo se sublevaram por alegado incumprimento do acordo de paz de 23 de março de 2009 e pela perda de poder do então líder, Bosco Ntaganda.
Segundo as Nações Unidas, mais de 400 mil congoleses foram obrigados a fugir das suas casas desde que os combates entre os rebeldes e o exército da RDCongo se intensificaram.
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