"Todos os portugueses estão alegres e satisfeitos pela libertação de um seu compatriota", disse, em nota enviada à Lusa, o presidente da CIL, David Botelho, comentando a libertação do luso-franco-israelita Ofer Calderon esta madrugada em Gaza.
Trata-se de um "cidadão português que sofreu o desespero e o sofrimento do cativeiro e que conhece agora a liberdade após tanto tempo sequestrado" o que "é, obviamente, uma boa notícia que alegra todo o nosso país", acrescentou.
"Ofer Calderon deve saber que os portugueses todos estão com ele e que durante todo este tempo desejaram a sua segurança e o seu regresso à liberdade e à companhia da sua família", referiu David Botelho, prometendo que, quando vier a Portugal, o refém libertado "irá sentir a solidariedade e o carinho do povo português".
"O facto de ser português aumenta a compaixão do nosso povo, mas Portugal esteve e está ao lado destas pessoas que foram vítimas de um grupo terrorista que atua destruindo, violando e matando e que é o maior inimigo do seu próprio povo", afirma David Botelho.
No seu entender, a "larga maioria dos portugueses está preocupada com os reféns e acompanha este cessar-fogo com atenção, porque sabe que este momento é importante".
David Botelho destacou também o papel do Estado português, que "agiu corretamente na concessão da nacionalidade a Ofer" e "merece uma palavra de agradecimento e de reconhecimento, assim como todos os que se envolveram para que Ofer visse a sua nacionalidade portuguesa reconhecida".
O certificado de origens sefarditas, essencial para a atribuição da nacionalidade, foi passado pela Comunidade Israelita do Porto (CIP), que assegurou hoje o rigor dos procedimentos.
"A libertação de Ofer Kalderon [sic] é a libertação de um cidadão português genuíno, de família sefardita tradicional do antigo Império Otomano, na Grécia, havendo registos desta família nas sinagogas e instituições portuguesas que existiam em Salónica: o 'Kahal Kadosh Portugal', o 'Kahal Kadosh Lisboa', o 'Kahal Kadosh Évora', o 'Portugal Velha' e outras", referiu o presidente da CIP, Gabriel Senderowicz.
O refém com cidadania portuguesa estava entre os três prisioneiros do Hamas hoje entregues às autoridades israelitas, no âmbito do acordo de cessar-fogo.
Ofer Calderon, 54 anos, obteve a nacionalidade portuguesa, pela sua origem sefardita, depois de ter sido feito refém, a 07 de outubro de 2023, disse à Lusa o advogado José Ribeiro e Castro, que submeteu então ao Governo um pedido de urgência por razões humanitárias na análise do seu processo.
Dois filhos haviam sido libertados em novembro, pouco mais de um mês após o ataque, mas a sogra e uma sobrinha foram mortas na ação do Hamas.
Segundo os 'media' israelitas, Ofer Calderon estava no Kibutz Nir Oz, atacado a 07 de outubro de 2023, matando mais de 100 residentes, 15 trabalhadores agrícolas estrangeiros e capturando cerca de 80 reféns.
Hoje, o Governo português saudou a libertação de refém Ofer Calderon, com nacionalidade portuguesa, esperando que a sua entrega pelo Hamas constitua "mais um passo para a paz".
Numa nota enviada à Lusa, o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, escreveu que o "Governo português saúda a libertação de mais três reféns e, muito em especial, a do também nacional português Ofer Calderon".
Em reação à libertação do luso-franco-israelita, o Presidente francês, Emmanuel Macron, publicou hoje no X que partilhava "o imenso alívio e alegria" dos familiares, "após 483 dias de um inferno inimaginável".
Além de Ofer Carlderon, entregue no sul de Gaza pelo Hamas à Cruz Vermelha juntamente com Yarden Bibas, a meio da madrugada de hoje, o israelo-americano Keith Siegel também foi libertado no porto do norte da cidade de Gaza.
Desde o início das tréguas, a 19 de janeiro, foram libertados 15 reféns em troca de centenas de prisioneiros palestinianos detidos em Israel.
Um total de 33 reféns israelitas deverão ser libertados em troca de quase dois mil prisioneiros palestinianos durante as seis semanas iniciais da trégua.
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