Perante um juiz em Bogotá, capital da Colômbia, Álvaro Uribe disse que iria provar que as acusações contra si "têm motivações políticas".
Álvaro Uribe negou ter manipulado testemunhas, mas reconheceu ter procurado entrevistas com antigos paramilitares para "verificar testemunhos" que também estavam a ser usados num julgamento contra o seu irmão, Santiago Uribe, que foi absolvido no ano passado da acusação de homicídio e das acusações de apoio a um grupo armado.
As acusações decorrem de alegações de que Uribe tentou influenciar testemunhas num processo movido contra ele pelo senador de esquerda Iván Cepeda, que acusou o líder conservador de ter ligações com grupos paramilitares que foram fundados por fazendeiros na década de 1980 para combater grupos rebeldes
O caso remonta a 2012 quando o antigo presidente apresentou um processo por difamação contra Iván Cepeda no Supremo Tribunal, mas, numa reviravolta surpreendente, o tribunal arquivou as acusações contra Cepeda e abriu uma investigação contra Uribe em 2018.
O processo contra antigo presidente foi transferido para outro tribunal depois que Uribe saiu do Senado colombiano.
A investigação contra Uribe foi adiada várias vezes por procuradores que afirmaram não haver provas suficientes contra o antigo presidente para apresentar queixa, mas as investigações avançaram mais rapidamente sob o governo do Presidente Gustavo Petro, o líder de esquerda que foi eleito para o cargo em 2022.
Os procuradores acusaram Uribe de contratar um advogado que se encontrou com antigos membros de grupos paramilitares presos e que alegadamente os pressionou a alterar o testemunho que tinham prestado a Cepeda.
Álvaro Uribe, que ainda tem legiões de seguidores na Colômbia, foi formalmente acusado no ano passado e o seu julgamento teve início na semana passada.
Dezenas de apoiantes reuniram-se hoje à porta do tribunal, agitando bandeiras colombianas e carregando máscaras com o rosto do antigo presidente.
"Era meu dever patriótico vir aqui e apoiar este grande colombiano", disse Jesús Vivas, um apoiante de Uribe de 67 anos, citado pela AP, acrescentando que Uribe salvou o país quando "estava prestes a entrar em colapso".
Uribe pode ser condenado até 12 anos de prisão se for considerado culpado de manipulação de testemunhas e suborno.
As acusações contra o antigo presidente, que foram apresentadas pela primeira vez em 2018, expiram em outubro, o que significa que o tribunal tem apenas oito meses para tomar uma decisão.
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