O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acusou o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, de ser um "ditador sem eleições", esta quarta-feira, numa publicação na rede social Truth.
"Pense nisso, um comediante modestamente bem-sucedido, Volodymyr Zelensky, convenceu os Estados Unidos da América a gastar 350.000 milhões de dólares [cerca de 336.000 milhões de euros] para entrar numa guerra que não poderia ser vencida, que nunca teve de começar, mas uma guerra que ele, sem os EUA e 'Trump', nunca será capaz de resolver", disse o chefe de Estado norte-americano sobre o homólogo ucraniano, que era muito popular na televisão antes de concorrer ao cargo.
"Os Estados Unidos gastaram mais 200.000 milhões de dólares (cerca de 192.000 milhões de euros) do que a Europa, cujo dinheiro é garantido, enquanto os Estados Unidos não recebem nada em troca", acrescentou Trump numa publicação nas redes sociais.
"Um ditador sem eleições, Zelensky é melhor mexer-se rápido ou já não terá país. Entretanto, estamos a negociar com sucesso o fim da guerra com a Rússia, algo que todos admitem que só 'Trump' e a Administração de Trump podem fazer", escreveu ainda.
E acrescentou: "Biden nunca tentou, a Europa falhou em trazer a paz e Zelensky quer continuar a lucrar".
O presidente dos Estados Unidos afirmou ainda que adora a Ucrânia, "mas Zelensky tem feito um trabalho terrível, o seu país está destruído e milhões morreram desnecessariamente - e continua"...
Face à invasão da Rússia, em 24 de fevereiro de 2022, a Ucrânia adiou as eleições que estavam previstas para abril de 2024.
As palavras de Donald Trump surgem depois de Volodymyr Zelensky ter acusado o presidente dos Estados Unidos de estar "preso numa bolha de desinformação". Uma reação que surgiu depois de Trump ter culpado a Ucrânia, na terça-feira à noite, do início da guerra com a Rússia.
De recordar que o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, e o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, estiveram reunidos em Riade, na Arábia Saudita, na terça-feira.
O negociador norte-americano Mike Waltz, conselheiro para a Segurança Nacional do presidente dos Estados Unidos, disse que Trump está determinado em avançar muito rapidamente nas conversações sobre um potencial acordo de paz na Ucrânia, e que haverá negociações sobre território e garantias de segurança. Uma guerra sem fim na Europa não é aceitável para Trump, acrescentou Waltz, que também participou no encontro.
Por sua vez, Marco Rubio, secretário de Estado dos EUA, afirmou que todos os envolvidos no conflito na Ucrânia têm de estar de acordo com a solução para o terminar.
Rubio afirmou que a reunião com as autoridades russas em Riade foi o primeiro passo de uma longa e difícil jornada para pôr fim à guerra.
Já o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, afirmou que as conversações foram "muito úteis", uma vez que as partes "não se limitaram a ouvir-se mutuamente, mas ouviram-se umas às outras".
"Tenho todas as razões para acreditar que o lado americano compreende a nossa posição", declarou.
Nenhuma autoridade ucraniana esteve presente na reunião, que decorre numa altura em que o país cercado está lenta mas visivelmente a perder terreno para tropas russas, mais numerosas numa guerra exaustiva que começou há quase três anos.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que o seu país não aceitará quaisquer resultados das negociações desta semana se Kyiv não participar.
Os aliados europeus também manifestaram preocupações por estarem a ser marginalizados das negociações.
[Notícia atualizada às 17h54]
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