Primeiro-ministro francês critica suspensão de ajuda dos EUA à Ucrânia

O primeiro-ministro francês, François Bayrou, criticou hoje a decisão dos Estados Unidos de suspender a ajuda à Ucrânia, que combate a invasão russa, defendendo que substitui-la é um "dever de civilização" para a União Europeia (UE).

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Lusa
04/03/2025 18:59 ‧ há 3 horas por Lusa

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François Bayrou

"A suspensão da ajuda a um país que foi atacado significa abandonar esse país e aceitar ou esperar que o seu agressor vença", disse Bayrou num discurso no Senado, referindo que "este tipo de agressão põe profundamente em causa todos os quadros construídos" desde o final da Segunda Guerra Mundial.

 

François Bayrou considerou que "cabe à União Europeia (UE) e aos países amigos da Ucrânia, substituir os fornecimentos americanos o mais rápida e eficazmente possível para que a Ucrânia não entre em rutura", referindo-se assim a um "dever de civilização" para os países europeus.

Depois de discursar na Assembleia Nacional francesa sobre a situação na Ucrânia e a defesa europeia na segunda-feira, o primeiro-ministro discursou perante os senadores e o presidente do Senado francês, Gérard Larcher, defendendo a capacidade de a Europa se afirmar como uma superpotência, após a suspensão da ajuda militar norte-americana na segunda-feira.

"Se compararmos o PIB (Produto Interno Bruto) dos dois grupos, vemos que a UE vale 17.000 mil milhões e a Rússia cerca de 2.000 mil milhões. Se compararmos os arsenais, verificamos que os exércitos europeus têm 2,6 milhões de soldados, mais do dobro da Federação Russa", afirmou o chefe de Governo francês enumerando as capacidades económicas e militares da UE.

Bayrou defendeu "uma hora de verdade" para a Europa, com "muito trabalho a fazer para que a União Europeia faça ouvir a sua voz, a sua vontade e os seus princípios", já que "se a Rússia parar os combates, a guerra para. Se a Ucrânia parar de lutar, desaparecerá".

Perante este "abandono de princípios" por parte dos Estados Unidos, "muitos dos nossos concidadãos encontram-se em desespero", mas "a mensagem e a visão do governo é que não podemos desesperar", defendeu, referindo que a UE não está desequilibrada.

No início do seu discurso, o primeiro-ministro francês voltou a mencionar o encontro na Casa Branca, em Washington entre o Presidente norte-americano, Donald Trump, e Volodymyr Zelensky, em 28 de fevereiro.

Na sexta-feira, as imagens da tensa reunião entre Trump e Zelensky deram a volta ao mundo e geraram enorme contestação após o chefe de Estado norte-americano e o seu vice-Presidente, JD Vance, criticarem severamente o líder ucraniano por este não agradecer o apoio dos Estados Unidos e acusarem-no de não contribuir para um cenário que torne possível um plano de paz com o Presidente russo, Vladimir Putin.

Num momento sem precedentes, Trump elevou o seu tom de voz para dizer que seria "muito difícil" negociar com Zelensky e assegurou que o líder ucraniano não estava em posição de ditar condições relacionadas à guerra, tendo o Presidente ucraniano deixado prematuramente a Casa Branca sem assinar um acordo que permitiria a Washington a exploração de recursos naturais ucranianos.

"Creio que a maioria dos franceses sentiu a forma brutal e desdenhosa como o Presidente dos Estados Unidos tratou o Presidente ucraniano. Foi uma ofensa a uma certa ideia que temos de respeito entre Estados", afirmou, elogiando a reação de Zelensky.

Bayrou referiu que "naquele momento, ele era o rosto da Ucrânia, o defensor da honra da democracia" e, ao mesmo tempo, carregava uma parte da honra europeia.

Contudo, de acordo com o político francês, antes da altercação entre os líderes norte-americano e ucraniano, "houve muitos sinais de alerta", relembrando as "declarações extremamente preocupantes" de Trump sobre a Gronelândia, o Canal do Panamá, o Canadá e a Faixa de Gaza.

Já o primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmygal afirmou hoje que a Ucrânia está "determinada a continuar a sua cooperação com os Estados Unidos", crucial para fazer frente à Rússia.

Leia Também: Países europeus que ofereceram ajuda à Ucrânia "não têm experiência"

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