Queda na importação de armas sinaliza crescente autossuficiência da China

As importações chinesas de armamento caíram 64% nos últimos cinco anos, à medida que o país desenvolveu a sua própria tecnologia, indicou hoje um grupo de reflexão ('think tank') sueco.

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Lusa
10/03/2025 08:17 ‧ há 3 horas por Lusa

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Num relatório, o Instituto Internacional de Investigação para a Paz de Estocolmo (SIPRI) afirmou que houve uma queda de 64% nas entregas à China entre 2020-24, em comparação com os cinco anos anteriores.

 

A mudança foi impulsionada pelo crescimento da indústria de armas doméstica da China, com sistemas projetados e produzidos localmente substituindo equipamentos que antes eram comprados sobretudo à Rússia - uma tendência que provavelmente continuará, indicou o relatório.

Siemon Wezeman, investigador do programa de transferência de armas do SIPRI, afirmou que foram necessários 30 anos para que a China substituísse progressivamente as armas de alta tecnologia importadas por tecnologias desenvolvidas localmente.

"Nos últimos cinco anos, as principais coisas que a China ainda importava da Rússia eram basicamente duas: helicópteros e motores - que são extremamente difíceis de produzir se não se tiver experiência no assunto - e foi aí que a China se destacou", disse.

"A China fabrica atualmente os seus próprios motores para aviões de combate, aviões de transporte e navios. O mesmo se passa com os helicópteros, em que a China desenvolveu os seus próprios helicópteros, totalmente chineses, e está a eliminar gradualmente as importações de helicópteros da Rússia e também de modelos europeus", frisou Wezeman, no relatório.

A diminuição das importações chinesas contribuiu para uma redução global de 21% no conjunto das remessas de armas para os países da Ásia e da Oceânia. A quota-parte da região nas importações mundiais de armas também diminuiu de 41% em 2015-19 para 33%.

A Ásia Oriental, em particular, viu as importações de armas diminuírem 22%, não só devido à queda da procura por parte da China continental, mas também graças a reduções nas compras de Taiwan e da Coreia do Sul de 27% e 24%, respetivamente.

O Japão foi o único país da região a aumentar a quantidade de armamento importado, registando um aumento de 93%, de acordo com o relatório do SIPRI.

A China também saiu do top 10 dos importadores de armas pela primeira vez desde 1990-94, enquanto quatro países da região da Ásia e da Oceânia - Índia, Paquistão, Japão e Austrália - entraram na lista dos maiores recetores de armas do mundo.

A tendência reflete as crescentes preocupações entre alguns dos países vizinhos face à ascensão da China.

No leste da Ásia e no sul do Pacífico, Pequim tem adotado uma postura mais assertiva, que resultou em picardias sucessivas com os países vizinhos, incluindo Japão, Filipinas ou Vietname, e tem provocado a apreensão da Austrália e Nova Zelândia, à medida que Pequim alarga a sua influência às pequenas nações insulares da região.

No que diz respeito às exportações de armas, o SIPRI afirmou que 44 Estados receberam armas chinesas no período entre 2020 e 2024, a maioria dos quais na Ásia e na Oceânia, que representaram uma quota de 77%, seguidos de África, que recebeu 14%.

No entanto, 63% das armas exportadas pela China tiveram como destino um único cliente, o Paquistão.

Os fornecedores de armas chineses tornaram-se ainda mais dominantes nas aquisições e compras de Islamabade, representando 81% das armas recebidas entre 2020 e 2024, em comparação com 74% nos cinco anos anteriores.

Embora a China tenha sido o quarto maior exportador de armas, registou-se uma diminuição de 5,4% nas suas remessas de armas em comparação com 2015-19, bem como uma queda na sua quota de vendas globais de armas, de 6,2% para 5,9%.

Apesar dos esforços da China para aumentar as exportações de armas, o relatório referiu que muitos dos grandes importadores não estão a comprar sistemas de armas chineses por razões políticas.

Leia Também: EUA vão acelerar fornecimento de armas a Taiwan após guerra na Ucrânia

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