"Estou triste em nome de todo o povo filipino porque temos um Presidente que não cumpre a sua palavra", declarou hoje Dela Rosa - senador e ex-responsável pela polícia durante o mandato do antigo chefe de Estado filipino Rodrigo Duterte (2016-2022) - numa entrevista à estação de rádio filipina DZBB, acusando Ferdinand Marcos Jr. de traição por permitir a detenção de Duterte.
Dela Rosa disse esperar que as autoridades filipinas o protejam de uma possível detenção ordenada pelo TPI, devido à sua posição de senador.
"Enquanto o Presidente do Senado puder, deve proteger-me primeiro e não me entregar, mesmo que seja emitido um mandado de detenção. Também espero que o poder Executivo respeite isso, porque há protocolos para isso", disse Dela Rosa na quarta-feira aos meios de comunicação filipinos.
Na terça-feira, quando Rodrigo Duterte foi inesperadamente detido à chegada às Filipinas vindo de Hong Kong, o advogado Israelito Torreon tentou forçar o Supremo Tribunal a obrigar as autoridades a libertarem Duterte e a protegerem o antigo chefe da polícia.
O Supremo Tribunal decidiu na quarta-feira que a petição não justificava a urgência do assunto, mas não a rejeitou completamente.
"Deram-nos dez dias para enviar os nossos argumentos" sobre o caso", disse Dela Rosa.
O TPI não comentou publicamente se vai ordenar a detenção do ex-chefe da polícia, enquanto Dela Rosa está a fazer campanha para as eleições intercalares de 12 de maio, nas quais o senador tenta a sua reeleição.
No entanto, enquanto Dela Rosa tenta impedir um mandado de detenção ainda hipotético, na quarta-feira também se declarou pronto para se juntar a Duterte como detido em Haia, nos Países Baixos, "na esperança de poder cuidar" do ex-Presidente filipino.
Duterte, de 79 anos, foi entregue na quarta-feira ao TPI, no seguimento de um mandato emitido contra o ex-chefe de Estado, que levou à sua detenção na terça-feira, durante a sua chegada a Manila.
Os juízes do TPI indicaram que "existem motivos razoáveis" para acreditar que os membros do chamado Esquadrão da Morte de Davao (DDS) e os agentes da autoridade filipinos "atacaram um grande número de indivíduos alegadamente envolvidos em atividades criminosas" entre pelo menos 01 de novembro de 2011 e 16 de março de 2019.
Considerado o mentor da guerra contra a droga de Duterte, Dela Rosa também estava sob investigação pelo TPI e alegou em outubro passado ter ignorado os pedidos para ser entrevistado pelo TPI.
Cerca de 6.000 pessoas morreram em operações antidroga e execuções extrajudiciais durante a violenta campanha de Duterte, de acordo com dados da polícia, embora as organizações não-governamentais locais estimem o número em mais de 30.000 pessoas.
Leia Também: Ameaça, 30 mil mortes e direitos humanos "esquecidos". Que fez Duterte?