Numa carta publicada na terça-feira nas redes sociais, Khalil apresenta-se como um "prisioneiro político" num centro de detenção no estado do Louisiana, que passa os dias "a testemunhar as injustiças enfrentadas por tantas pessoas excluídas da proteção da lei".
Estas são as primeiras declarações públicas de Khalil desde a sua detenção a 08 de Março, por agentes de imigração no edifício de Nova Iorque onde vivia com a sua mulher norte-americana, um imóvel propriedade da Universidade de Columbia, onde concluiu os seus estudos em Dezembro.
Nesse dia, as autoridades informaram aos seus advogados que a revogação da autorização de residência permanente de Khalil, que agora enfrenta um processo de deportação.
Foi inicialmente transferido para o Tribunal de Imigração de Nova Iorque, onde alega que dormiu "no chão frio".
O jovem, que nasceu num campo de refugiados palestinianos na Síria, foi posteriormente transferido para outro centro de detenção em Elizabeth, Nova Jérsia, onde também afirma ter dormido no chão e não ter recebido cobertor.
Afirma ainda que os agentes do Departamento de Segurança Interna dos EUA (DHS) se recusaram a mostrar-lhe um mandado de detenção.
"Antes de saber o que estava a acontecer, as autoridades algemaram-me e obrigaram-me a entrar num carro sem identificação... O DHS não me disse nada durante horas. Não sabia o motivo da minha detenção ou se enfrentaria a deportação imediata", disse Khalil.
Segundo o governo norte-americano, Khalil dirigiu atividades alinhadas com o grupo terrorista Hamas, embora não tenham até agora sido apresentadas provas.
Na carta hoje publicada online pelo Centro de Direitos Constitucionais, uma organização jurídica sem fins lucrativos, o palestiniano alega que a sua detenção foi "uma consequência direta" de defender "o fim do genocídio em Gaza".
Khalil, que foi um dos líderes dos grandes protestos pró-palestinianos que ocorreram no campus de Columbia no ano passado, defende que a sua detenção é injusta e reflete o "racismo antipalestiniano que os governos de [Joe] Biden e [Donald] Trump demonstraram nos últimos 16 meses", e que levou à "repressão violenta de palestinianos, árabes-americanos e outras comunidades".
Em resposta à detenção de Mahmoud Khalil foram convocados diveros protestos em Nova Iorque e noutras cidades norte-americanas.
Num momento em que o Governo de Donald Trump intensificou a sua campanha para deportar ativistas que participaram em manifestações pró-Palestina, o Departamento de Justiça norte-americano afirmou na sexta-feira que está a investigar se a Universidade da Columbia escondeu "estrangeiros ilegais" no seu campus.
O procurador-geral adjunto Todd Blanche, em declarações no Departamento de Justiça, afirmou que as acções visam cumprir a "missão do Presidente de acabar com o antissemitismo" nos Estados Unidos.
"Essa investigação está em andamento e também estamos a analisar se o tratamento dado pela Columbia a incidentes anteriores violou as leis de direitos civis e incluiu crimes de terrorismo", acrescentou.
Na semana passada, o Governo de Trump retirou 400 milhões de dólares (369 milhões de euros) em financiamento federal a Columbia devido ao que alegou ser o fracasso desta prestigiada instituição de ensino em controlar o antissemitismo no seu campus.
A Universidade já informou que expulsou ou suspendeu vários estudantes que participaram em ações de solidariedade com a Palestina na última primavera e anulou diplomas a outros que se tinham graduado.
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