UE trabalha "24 horas por dia, 7 dias por semana" para deixar gás russo

A Comissão Europeia garante estar a "trabalhar 24 horas por dia, sete dias por semana" para a União Europeia deixar de importar combustíveis fósseis russos, num plano europeu adiado duas vezes e que será apresentado dentro de semanas.

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Lusa
19/03/2025 07:15 ‧ ontem por Lusa

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"O plano foi adiado, mas o esforço não. Estamos a trabalhar todos os dias para nos livrarmos do petróleo russo, mas não é uma questão simples, escusado será dizer. Se fosse fácil, tê-lo-íamos feito há três anos", aquando do início da guerra da Ucrânia causada pela invasão russa, disse o comissário europeu da Energia, Dan Jorgensen, em Bruxelas.

 

Em entrevista à Lusa e outras agências europeias no âmbito do projeto European Newsroom (Redação Europeia), o responsável europeu da tutela garantiu que o executivo comunitário está a "trabalhar 24 horas por dia, sete dias por semana para que isto aconteça [...] e o mais rapidamente possível".

Apesar de ter chegado a estar prevista para final de março a apresentação de um roteiro para o fim das importações de energia pela UE à Rússia, este documento foi depois retirado do calendário da instituição.

Dan Jorgensen queria que tal tivesse sido proposto nos primeiros 100 dias deste mandato do executivo comunitário, mas esse prazo já terminou há uma semana.

O comissário da Energia insistiu que "a ambição não se altera" e pediu "paciência para mais algumas semanas".

"Também é evidente que a situação geopolítica levanta muitas questões e estamos em diálogo muito estreito com os países da Europa, um Estado-membro [Eslováquia], que serão diretamente afetados por um corte total do gás russo", ressalvou o comissário europeu.

A posição surge quando a UE ainda importa 13% do gás russo, o que compara com uma percentagem de 45% antes da invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022, conflito que entra no quarto ano.

No seguimento dos vários pacotes de sanções adotados pela UE contra a Rússia pela invasão da Ucrânia, foi proibida a compra de carvão e de praticamente todo o petróleo russo no mercado único, mas não de gás, embora o bloco comunitário esteja a avançar para uma desconexão energética total em relação a Moscovo.

Apesar de reconhecer os esforços feitos nos últimos três anos, Dan Jorgensen criticou que a UE tenha vindo a "gastar mais dinheiro a comprar combustíveis fósseis e energia russos do que o que deu à Ucrânia em ajuda e subsídios", num custo estimado de "2.400 novos caças F-35" que está "a encher o cofre de guerra do [Presidente russo, Vladimir] Putin".

A Comissão Europeia adiou a proposta há muito aguardada para acabar com a dependência da UE dos combustíveis fósseis russos numa altura em que o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tenta normalizar as relações com a Rússia e impor a sua versão de paz na Ucrânia.

A UE tem como objetivo acabar com o recurso aos combustíveis fósseis russos até 2027.

Em 2022, aquando do pico da crise energética acentuada pela guerra da Ucrânia causada pela invasão russa, Bruxelas avançou com um plano para eliminar progressivamente as importações russas de combustíveis fósseis assente na poupança de energia, diversificação do aprovisionamento energético e na produção de energia limpa, medidas que têm contribuído para a redução do consumo global de gás.

Leia Também: "Europa gastou mais dinheiro em gás russo do que na defesa da Ucrânia"

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