Presidente turco acusa oposição de tentar provocar caos com protestos

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, acusou hoje a oposição de estar a tentar provocar o caos no país, no terceiro dia de protestos contra a detenção do seu rival político Ekrem Imamoglu.

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© Alexis Mitas/Getty Images

Lusa
21/03/2025 15:33 ‧ há 6 horas por Lusa

Mundo

Turquia

"A Turquia não é um país que está na rua e não se vai render ao terrorismo de rua", afirmou Erdogan, após a convocação de uma nova manifestação para hoje.

 

O social-democrata Ekrem Imamoglu, 53 anos, presidente da câmara de Istambul, foi detido na quarta-feira juntamente com dezenas de elementos do Partido Republicano do Povo (CHP, na sigla em turco), a formação secular a que pertence.

Foi acusado de corrupção e de ligações terroristas, mas a oposição considerou tratar-se de uma tentativa de golpe de Estado por o CHP ter marcado para domingo as primárias que iriam consagrar Imamoglu como concorrente de Erdogan nas eleições presidenciais.

O líder do CHP, Ozgur Ozel, apelou aos turcos para saírem de novo à rua hoje às 20:30 locais (17:30 em Lisboa), após a refeição de quebra do jejum do Ramadão, apesar dos avisos das autoridades.

"A partir de agora, estamos nas ruas e nas praças", avisou Ozel na quinta-feira à noite, à porta da Câmara Municipal de Istambul, onde milhares de manifestantes se reuniram pela segunda noite consecutiva.

Erdogan descreveu o apelo de Ozel como "uma grave irresponsabilidade" por tentar levar para as ruas um caso que disse ser da área da justiça.

"Estamos a assistir a uma tentativa de provocar o caos nas nossas ruas, utilizando como pretexto uma operação de corrupção em Istambul", afirmou Erdogan, citado pela agência turca Anadolu.

Erdogan assegurou que as autoridades não iriam fechar os olhos perante "um punhado de pessoas incompetentes e ambiciosas que tentam perturbar a paz do povo".

Segundo Erdogan, o objetivo é "que as próprias fortunas, interesses, lucros e esquemas de pilhagem não sejam perturbados".

Duas pontes e várias estradas importantes que dão acesso à sede do município de Istambul foram fechadas hoje ao trânsito durante 24 horas.

Desde quarta-feira, realizaram-se manifestações em pelo menos 32 das 81 províncias da Turquia, segundo uma contagem da agência francesa AFP.

O ministro da Justiça, Yilmaz Tunç, considerou "ilegais e inaceitáveis" as repetidas convocatórias da oposição para as manifestações.

Em Istambul, onde as manifestações foram proibidas até domingo, a situação tornou-se tensa na quinta-feira à noite.

A polícia utilizou gás lacrimogéneo e balas de borracha para bloquear os manifestantes que pretendiam marchar da câmara para a emblemática Praça Taksim.

A polícia também utilizou canhões de água e balas de borracha em Ancara, segundo a AFP.

As forças de segurança detiverem 53 pessoas e 16 polícias ficaram feridos nos confrontos com os manifestantes.

As autoridades também proibiram todas as concentrações até terça-feira à noite em Ancara e Izmir (oeste), a terceira maior cidade do país, favorável à oposição.

A atual vaga de protestos não tem precedentes desde as grandes manifestações que tiveram início na Praça Taksim em 2013.

Imamoglu, cujo interrogatório pelos investigadores começou hoje, segundo a emissora estatal TRT, deveria tomar posse como candidato do CHP às próximas eleições presidenciais no domingo.

Mas a universidade estatal de Istambul cancelou o diploma de Imamoglu na terça-feira à noite, criando-lhe mais um obstáculo, uma vez que a Constituição exige que qualquer candidato à presidência tenha um título de ensino superior.

Imamoglu foi reeleito em 2024 depois de conquistar Istambul em 2019 ao Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP, na sigla em turco), a formação islâmica conservadora no poder liderada por Erdogan.

"O presidente da câmara não é corrupto, nem ladrão, nem terrorista", disse o líder do CHP à multidão na quinta-feira à noite, prometendo "não desistir da luta até que Imamoglu e outros presidentes de câmara presos sejam libertados".

Leia Também: EUA instam Turquia a "respeitar direitos" após detenção de rival de Erdogan

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