"Ainda queremos chegar a acordo sobre um cessar-fogo, pelo menos sobre (...) a energia, as infraestruturas e o mar", declarou este responsável, citado pela agência de notícias francesa, AFP, a coberto do anonimato.
A delegação ucraniana será chefiada pelo ministro da Defesa, Rustam Umerov, acrescentou.
Os negociadores norte-americanos vão manter na segunda-feira, na Arábia Saudita, conversações alternadas sobre a trégua com delegações da Ucrânia e da Rússia, que invadiu o país vizinho há três anos.
O nível dos enviados anunciados por Moscovo para esta reunião é inferior ao dos enviados pela Ucrânia.
Um deles é Serguei Besseda, um membro do FSB (serviços secretos russos) que está sob sanções ocidentais desde 2014 e que parece ter caído em desgraça por algum tempo em 2022, no início da invasão, por, segundo a imprensa, ter avaliado mal o clima político na Ucrânia e não ter previsto a dimensão da resistência de Kiev.
O outro delegado russo é um senador, Grigori Karassin, um ex-diplomata de carreira e antigo vice-ministro dos Negócios Estrangeiros.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, descreveu estes dois delegados como "os negociadores mais experientes" e garantiu que foram escolhidos pelo Presidente russo, Vladimir Putin.
Mas não indicou por que é que a delegação não é chefiada por responsáveis da presidência, do Ministério da Defesa ou do corpo diplomático.
O alto responsável ucraniano disse ainda à AFP que Kiev também está disposta a discutir um cessar-fogo geral, como exigem os Estados Unidos, mas tal opção foi rejeitada pelo Kremlin, que diz querer apenas uma moratória de 30 dias sobre os ataques a infraestruturas energéticas.
"Penso que os norte-americanos vão tentar obter um cessar-fogo global e nós estamos prontos para isso", garantiu este responsável.
"São os russos quem está a dizer 'não' há mais de uma semana, e ainda não sabemos se vão dizer 'sim' sem serem pressionados", acrescentou.
A nova ronda de negociações deverá, assim, centrar-se nos aspetos "técnicos" de uma eventual trégua parcial: "que locais" farão parte dela, "como controlar este cessar-fogo, que armas estarão envolvidas", enumerou o responsável ucraniano.
Sobre a possibilidade de uma trégua marítima, "há divergências" sobre os tipos de navios e as zonas do mar Negro a incluir, explicou.
"Precisamos de chegar a acordo sobre o essencial: quais os locais e como controlar" a trégua, resumiu o responsável ucraniano.
A Ucrânia já anteriormente tinha indicado que os Estados Unidos deveriam assegurar a monitorização do cumprimento do cessar-fogo.
"Os norte-americanos têm uma enorme capacidade de obtenção de informações, por isso veem muitas coisas", sublinhou hoje o alto responsável ucraniano.
Escusou-se, no entanto, a especular sobre uma possível data para o início desta trégua parcial.
"Não é claro. Até agora, não houve medidas recíprocas por parte dos russos", afirmou.
Leia Também: Alemanha aprova nova ajuda de 3 mil milhões de euros à Ucrânia