Nova noite de mobilização popular na Turquia para apoiar autarca de Istambul

Dezenas de milhares de pessoas concentraram-se hoje, pela quarta noite consecutiva, em frente à Câmara Municipal de Istambul para apoiar o autarca da oposição, detido por "corrupção" e "terrorismo", acusações que classificou como "imorais e infundadas".

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© Akin Celiktas/Anadolu via Getty Images

Lusa
23/03/2025 00:03 ‧ há 3 dias por Lusa

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Turquia

Na quarta noite de protestos, a multidão tornou-se ainda mais densa e numerosa, invadindo os comboios do metro e os arredores congestionados do edifício da Câmara Municipal, agitando bandeiras e cartazes que expressavam a sua ira: "Os ditadores são cobardes", "O AKP (partido no poder) não nos vai silenciar".

 

O presidente da câmara da cidade, Ekrem Imamoglu, foi levado ao início da noite, com 90 dos seus coarguidos, para um tribunal cercado, protegido por dezenas de carrinhas da polícia de choque e um forte cordão policial, para ali ser presente a um procurador do Ministério Público turco.

Segundo os seus advogados, a sua audição na parte do processo relativa ao "terrorismo" já terminou e a outra, sobre a acusação de "corrupção", já começou.

Apesar das restrições de acesso, mais de mil pessoas aglomeraram-se durante a noite nas imediações do tribunal de Caglayan, protegido por um forte dispositivo policial.

"As pessoas não estão aqui apenas por causa de Imamoglu, mas para defender os seus direitos", explicou a manifestante Elif Cakir, uma estudante de 18 anos.

"A Constituição dá-nos o direito de nos manifestarmos e reunirmos, mas estamos proibidos de o fazer. Não somos inimigos do Estado, mas o que está a acontecer é ilegal", declarou Aykut Cenk, de 30 anos, agitando uma bandeira turca.

As acusações de "apoio ao terrorismo" contra o presidente da câmara de 53 anos, o principal opositor do Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, poderão levá-lo à prisão e à sua substituição no cargo por um administrador nomeado pelo Estado.

Destacada em grande número, a polícia começou a dispersar a manifestação pouco depois das 00:00 (22:00 de Lisboa), usando gás lacrimogéneo e granadas de aturdimento, depois de alguns incidentes com jovens manifestantes.

Em Ancara, a capital, os manifestantes foram repelidos com canhões de água, e em Esmirna, a terceira maior cidade do país, a polícia bloqueou os estudantes que tentavam marchar até às instalações do partido AKP, no poder.

O Presidente Erdogan, dirigindo-se hoje à noite aos membros do seu partido, acusou a oposição de ter feito "tudo o que era possível nos últimos quatro dias para perturbar a paz da nação e dividir o povo".

O governo civil de Istambul prolongou até 26 de março a proibição de manifestações em vigor desde quarta-feira e impôs novas restrições à entrada na cidade de pessoas "suscetíveis" de participar em manifestações, sem especificar como iria aplicá-las.

Desde quarta-feira, os protestos espalharam-se por toda a Turquia, com manifestações anunciadas em muitas cidades de oeste a leste.

Segundo uma contagem hoje efetuada pela agência de notícias francesa AFP foram organizadas manifestações em pelo menos 55 das 81 províncias turcas, ou seja, em mais de dois terços do país.

Leia Também: Contas do X de manifestantes na Turquia bloqueadas por ordem judicial

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