"A ofensiva militar de Israel causou uma perda de vidas terrível. Enquanto esta guerra continuar, ambos os lados perderão", sublinhou, antes de se encontrar com os líderes israelitas e palestinianos na segunda-feira.
"Israel tem o direito de se defender, mas deve respeitar a vida dos civis e o direito humanitário. As ameaças de anexar partes de Gaza são inaceitáveis", declarou.
E acrescentou: "Nas minhas conversações com os dirigentes israelitas e palestinianos, insistirei na urgência das negociações. Todos os reféns devem ser libertados imediatamente. O sofrimento tem de acabar. A destruição de Gaza só alimenta a radicalização".
A Alta Representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança deverá encontrar-se na segunda-feira com o Presidente israelita, Isaac Herzog, com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Gideon Saar, e com o líder da oposição, Yair Lapid.
Também se deslocará aos territórios palestinianos para conversações com o líder da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, e com o primeiro-ministro, Mohammad Mustafa.
Desde a guerra na Faixa de Gaza as relações com Israel dividem os países da UE, com alguns a sublinharem o direito de Israel a defender-se, enquanto outros insistem no fim dos combates e no direito dos palestinianos a um Estado.
Hoje Kaja Kallas esteve no Egito para discutir o plano árabe para a reconstrução de Gaza e os projetos conjuntos entre a Europa e o Egito.
"Gaza pertence aos palestinianos. Quando esta guerra terminar, Gaza deve ser reconstruída o mais rapidamente possível e o plano árabe oferece uma forma realista de o conseguir", afirmou.
A iniciativa árabe pretende ser uma resposta ao plano do Presidente norte-americano, Donald Trump, de assumir o controlo do território palestiniano e expulsar os seus habitantes.
Elaborado pelo Egito, prevê a reconstrução da Faixa de Gaza, destruída por 15 meses de guerra entre Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas, sem deslocar os seus 2,4 milhões de habitantes.
O plano marginaliza efetivamente o Hamas e prevê o regresso da Autoridade Palestiniana, expulsa do território em 2007 pelo movimento islamita.
Hoje o exército israelita iniciou uma ofensiva em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, enquanto prosseguia as suas operações no norte, cinco dias depois de ter rompido o cessar-fogo com o Hamas.
A guerra foi desencadeada pelo ataque sem precedentes do Hamas contra Israel em 07 de outubro de 2023, que causou a morte de 1.218 pessoas do lado israelita, a maioria civis, segundo uma contagem da agência francesa AFP baseada em dados oficiais.
A ofensiva lançada em represália por Israel na Faixa de Gaza provocou um total de 50.021 mortos, na sua maioria civis, segundo um relatório fornecido hoje pelo Ministério da Saúde do enclave, tutelado pelo Hamas, cujos números são considerados fiáveis pela ONU e foram citados pelas agências internacionais, nomeadamente a AFP.
A Defesa Civil, a principal organização de socorro na região, também calculou o número de mortos em mais de 50.000.
A AFP disse não poder confirmar os números de forma independente.
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