"Queremos ter relações oficiais com os Estados Unidos, o que é benéfico tanto para os EUA como para o Afeganistão. Além disso, o Afeganistão não impôs quaisquer condições a este respeito, e outros países também devem adotar novas políticas em relação ao Afeganistão, reconhecendo a importância da estabilidade e da segurança no país", disse o porta-voz dos talibãs, Zabihullah Mujahid, em entrevista.
O porta-voz dos fundamentalistas que detêm o poder desde agosto de 2021 pediu a Washington que "mantenha boas relações diplomáticas com o Afeganistão e reative os laços económicos e comerciais [com Cabul]", uma questão que Mujahid considerou "do interesse de todas as partes".
Os talibãs - praticamente isolados da comunidade internacional desde que regressaram ao poder - contactaram nos últimos meses potências como a China, que nomeou um embaixador em Cabul em setembro, ao que os fundamentalistas responderam nomeando um representante diplomático em Pequim em dezembro do ano passado.
"Temos relações diplomáticas com países vizinhos, incluindo a China, e outros países islâmicos", argumentou Mujahid, acrescentando que os talibãs "estão, na prática, oficialmente envolvidos com muitos países".
Os talibãs retomaram o poder no Afeganistão após a retirada das tropas norte-americanas de Cabul, em 15 de agosto de 2021, após 20 anos de guerra e sob a promessa de que a sua chegada traria a paz ao país asiático.
Quatro anos depois, os observadores internacionais continuam a denunciar as "execuções extrajudiciais, torturas, desaparecimentos e detenções extrajudiciais" realizadas em nome da segurança.
Na passada segunda-feira, o Governo norte-americano do Presidente Donald Trump, anunciou a retirada de recompensas multimilionárias pela entrega à justiça de três altos funcionários talibãs, incluindo o líder da temida rede Haqqani e ministro do Interior afegão, Sirajuddin Haqqani.
A decisão surge dias depois da libertação, mediada pelo Qatar, de um cidadão norte-americano que estava detido no Afeganistão há dois anos e três meses, no âmbito dos esforços dos talibãs para obter um maior reconhecimento internacional.
A rede Haqqani é a fação pragmática dos talibãs afegãos, por oposição ao núcleo duro ideológico do regime em Kandahar, o berço do movimento talibã.
No entanto, a sua participação na guerra do Afeganistão foi significativa, levando a milhares de ataques suicidas contra alvos militares, forças internacionais e o Governo apoiado pelos EUA.
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