A empresa Colossal Biosciences anunciou na segunda-feira que deu vida com sucesso a Rómulo e Remo, duas crias de seis meses criadas através de modificações genéticas derivadas de ADN encontrado em fósseis que datam de há 11.500 a 72.000 anos.
A organização, que classificou o processo como a primeira "desextinção" bem-sucedida, explicou, em comunicado, que editou 20 genes de lobo cinzento com este ADN - de um dente com 13 mil anos e de um crânio com 72 mil anos - para dar às crias algumas das principais características dos lobos-terríveis.
Criaram então embriões a partir de células modificadas de lobo cinzento e implantaram-nos em cadelas, que deram à luz os animais.
A Colossal criou também uma cria fêmea deste animal, a quem deu o nome de Khaleesi, nome da protagonista de 'A Guerra dos Tronos'.
A ideia da "desextinção", porém, é contestada por alguns, que argumentam que o verdadeiro lobo-terrível continua extinto, uma vez que esta criação é um mosaico de ADN de lobo cinzento criado à semelhança do lobo-terrível. Os cientistas, escreve a Time, reescreveram 14 genes-chave no núcelo celular para copiar o genoma do lobo-terrível; nenhum DNA verdadeiro de lobo-terrível foi incluído no trabalho.
Há um mês, esta empresa anunciou a criação, através de edição genética, de um rato com o mesmo pelo dos mamutes, cujos últimos indivíduos desapareceram de uma ilha a norte da Sibéria há cerca de 4.000 anos.
Na série da HBO, o lobo gigante é uma criatura lendária de grande tamanho e força que é também o emblema da Casa Stark, à qual Jon Snow pertence.
O criador dos romances que inspiraram a série, George R.R. Martin, consultor cultural da Colossal, afirmou que, embora muitas pessoas vejam estes lobos como criaturas mitológicas que existem apenas num mundo de fantasia, "têm uma história rica de contribuição para o ecossistema americano".
Para além de 'Game of Thrones', lobos-terríveis apareceram em RPG [Role-playing game ou jogo de interpretação de papéis, em português] como 'Dungeons & Dragons' e videojogos como 'World of Warcraft'.
Numa publicação na rede social X, a empresa anexou um vídeo dos cachorros Romulus e Remus a uivar.
We’re Colossal Biosciences, the de-extinction company responsible for bringing back the first animals from extinction. Our dire wolf pups, Romulus and Remus, were born on October 1, 2024. Watch these pups grow up on our YouTube channel. Link in bio.
— Colossal Biosciences® (@colossal) April 7, 2025
These two wolves were… pic.twitter.com/hbk1wFQ3lf
Rómulo, Remo e Khaleesi estão a ser cuidados numa reserva ecológica certificada pela American Humane Society, que inclui áreas de interação e é monitorizada por câmaras ao vivo, equipa de segurança e drones para garantir o bem-estar das crias.
Os lobos-terríveis viveram no continente americano durante o Pleistoceno, entre há 3,5 e 2,5 milhões de anos, e foram extintos no final da última Era Glacial, há cerca de 13.000 anos.
De acordo com a Colossal, estes animais eram até 25% maiores do que os lobos cinzentos e tinham pelos grossos e claros - que recriaram nestes animais - e mandíbulas mais fortes.
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