"A guerra serve interesses políticos e pessoais; só um acordo garantirá o regresso seguro dos reféns", afirmam os signatários, sublinhando que "a continuação da guerra não promove nenhum dos objetivos declarados e resultará na morte de reféns, soldados e civis inocentes".
"Como já foi comprovado no passado, só um acordo pode devolver os reféns em segurança, sendo que a pressão militar leva principalmente à morte de reféns e a riscos para os nossos soldados", declararam os reservistas, pedindo que "todos os cidadãos de Israel se mobilizem".
Com exceção de cinco dos signatários, todos forneceram os seus nomes, o que significa que são veteranos, embora o portal 'online' de notícias israelita Ynet tenha indicado que cerca de 10% são reservistas no ativo.
Entre os nomes está o de Dan Halutz, antigo chefe do Estado-Maior.
De acordo com o jornal israelita The Jerusalem Post, as Forças de Defesa de Israel (FDI) vão expulsar centenas de reservistas por assinarem a carta, mas a maioria dos signatários não está ativa.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, criticou os signatários, afirmando que "recusar servir é recusar servir, mesmo que isso seja dito de forma implícita ou através de linguagem velada".
Para Netanyahu, estas declarações "enfraquecem as FDI e fortalecem os inimigos em tempo de guerra", pelo que "são imperdoáveis".
O primeiro-ministro israelita descreveu os signatários da carta como "extremistas marginais" que "estão, mais uma vez, a tentar destruir a sociedade israelita a partir de dentro".
"Já tentaram fazê-lo antes de 07 de outubro [de 2023, quando o grupo islamita Hamas atacou território israelita, dando início à guerra], e o Hamas interpretou os apelos como fraqueza", disse, numa aparente referência aos protestos contra o seu plano de reforma judicial.
"Este grupo marginal ruidoso mobiliza-se com um único objetivo: derrubar o Governo. Não representa os combatentes nem o público", garantiu Netanyahu, numa mensagem publicada nas redes sociais.
Netanyahu manifestou também o seu apoio à decisão de destituir os signatários.
Também o ministro da Defesa israelita, Israel Katz, manifestou a sua "firme rejeição" à carta, que descreveu como "uma tentativa de minar a legitimidade da guerra justa que as FDI estão a liderar em Gaza, pelo regresso dos reféns e pela derrota da organização terrorista assassina Hamas".
"Confio no julgamento do chefe do Estado-Maior [Eyal Zamir] e do comandante da Força Aérea [Tomer Bar] e estou convencido de que irão lidar com este fenómeno inaceitável da forma mais apropriada", considerou o ministro, citado pelo jornal The Times of Israel.
Na quarta-feira, Katz ameaçou o Hamas com ataques crescentes se não forem libertados os reféns, reiniciados a 18 de março, em violação do acordo de cessar-fogo alcançado em janeiro.
A decisão do Governo israelita de relançar a sua ofensiva, que entretanto se alastrou a vários pontos do enclave, foi criticada pela oposição e pelo Fórum dos Familiares de Reféns e Desaparecidos e desencadeou novas manifestações por todo o país, criticando a estratégia de Netanyahu e exigindo um acordo que resultasse na libertação de todos os reféns.
As autoridades de Gaza controladas pelo Hamas estimaram na quarta-feira o número de mortos em quase 50.850, como resultado da ofensiva militar de Israel contra o enclave após os ataques de 07 de outubro de 2023, incluindo quase 1.500 desde que as tropas israelitas retomaram os ataques.
Segundo Israel, o Hamas ainda mantém mais de 50 reféns dos 250 que sequestrou em outubro de 2023, alguns dos quais já estão mortos.
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