Na abertura da reunião dos ministros da Defesa da coligação de voluntários, organizada por França e pelo Reino Unido na sede da NATO, em Bruxelas, o responsável da Defesa britânico, John Healey, afirmou que a primeira prioridade é garantir a segurança nos céus, seguida da segurança no mar e "apoiar a paz no terreno".
Outro objetivo passa pelo reforço do exército ucraniano tanto quanto possível para repelir qualquer ofensiva.
A coligação tem um "planeamento real e substancial", disse Healey.
"Os nossos planos estão bem desenvolvidos e temos objetivos claros para a Ucrânia", afirmou, especificando que 200 responsáveis militares de 30 países estão a trabalhar para desenvolver planos para aprofundar o envolvimento europeu na Ucrânia.
Healey referiu-se ao envio de um contingente militar para a Ucrânia, indicando que as forças de garantia "seriam um dispositivo de segurança empenhado e credível" para garantir uma "paz duradoura" na Ucrânia, "como prometeu" o Presidente norte-americano, Donald Trump, lembrou.
O governante britânico apontou que a Rússia prossegue os seus ataques diários contra a Ucrânia, apelando por isso para que "não se esqueça a guerra" e que se exerça toda a pressão possível sobre o Kremlin (presidência russa) para que se sente e negoceie.
Ao mesmo tempo, sublinhou o sinal que a coligação está a enviar ao Presidente russo, Vladimir Putin, ao reunir 30 países unidos na convicção de que "a paz é possível" e que devem estar preparados para quando esse momento chegar.
A reunião de hoje na sede da NATO reúne cerca de 30 países e tem como objetivo fazer progressos no planeamento de uma força multinacional para ajudar a manter a paz na Ucrânia a longo prazo, com a ideia de um destacamento para reforçar a segurança quando for alcançado um cessar-fogo.
Trata-se da primeira reunião entre os ministros da Defesa da chamada "coligação dos dispostos", tendo Portugal sido representado pelo secretário de Estado adjunto e da Defesa, Álvaro Castelo Branco.
Ainda há muitas incógnitas em relação a este destacamento militar, que o Presidente francês, Emmanuel Macron, limitou a um grupo de países interessados e que deverá ter o apoio técnico e político dos Estados Unidos, como tem insistido o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer.
Como é habitual nas reuniões da coligação, os Estados Unidos não participam, mas o sucesso da operação depende do apoio de Washington com poder aéreo ou outra assistência militar. No entanto, a administração Trump não se comprometeu publicamente com estas iniciativas.
Os países também estão relutantes em contribuir com pessoal sem o apoio dos Estados Unidos. Os europeus não podem igualar os sistemas de armas, a recolha de informações e as capacidades de vigilância por satélite dos Estados Unidos.
A chefe da política externa da União Europeia (UE), Kaja Kallas, disse que os ministros estavam "a tentar manter os Estados Unidos a bordo".
No meio desta incerteza e dos avisos dos Estados Unidos de que a Europa deve cuidar da sua própria segurança e da segurança da Ucrânia no futuro, a força é vista como um primeiro teste à vontade do continente de se defender a si próprio e aos seus interesses.
A sua composição dependerá da natureza de qualquer acordo de paz, mas é pouco provável que o contingente fique estacionado na fronteira da Ucrânia com a Rússia. Ficaria localizado mais longe da linha de cessar-fogo, talvez mesmo fora da Ucrânia, e seria destacado para contrariar qualquer ataque russo. É provável que o cessar-fogo seja monitorizado com meios técnicos, como câmaras de vigilância e satélites.
As tropas que o fizerem terão de ser aceites por ambas as partes e fontes aliadas admitiram recentemente que o contingente internacional será inviável sem a aprovação da Rússia.
Construir uma força suficientemente grande para atuar como um dissuasor credível está a revelar-se um esforço considerável para estas nações, que encolheram as suas forças armadas após a Guerra Fria, mas que estão agora a rearmar-se. As autoridades britânicas falaram de 10.000 a 30.000 soldados.
Na sexta-feira, representantes de cerca de 50 países vão reunir-se igualmente na sede da NATO, em Bruxelas, para angariar apoio militar para a Ucrânia, numa reunião presidida pelo Reino Unido e pela Alemanha.
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