"Não, não há prazos concretos, mas a Rússia está, de facto, pronta para tomar medidas para normalizar as relações" com a Geórgia", disse Dmitry Peskov, durante a conferência de imprensa diária por telefone, em resposta a uma pergunta sobre um possível restabelecimento das relações diplomáticas com o país caucasiano.
O porta-voz acrescentou que a Rússia está interessada em "ter boas relações com todos os países que as desejam e estão prontos para isso".
Numa entrevista publicada no domingo pelo jornal Izvestia, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Mikhail Galuzin, declarou que Moscovo está a preparar-se para restabelecer as relações diplomáticas com a Geórgia.
"Estamos dispostos a ir até onde o lado georgiano estiver disposto. Para nós, não há limites", garantiu.
"Lamentamos que o Governo georgiano, tal como antes, ligue o reinício das relações diplomáticas à nossa posição em relação à Abecásia e à Ossétia do Sul", disse Galuzin, referindo-se ao reconhecimento da independência destas duas regiões georgianas por parte da Rússia.
Tbilissi rompeu relações com Moscovo em 2008, depois de o Kremlin (presidência russa) ter reconhecido a independência das regiões separatistas pró-Rússia da Ossétia do Sul e da Abecásia, em plena guerra russo-georgiana.
O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros sublinhou que essa decisão da Rússia é irrevogável, mas salientou que Moscovo está disposta a desenvolver amplamente a cooperação com a Geórgia.
Galuzin lembrou que, nos últimos anos, o lado russo tomou "medidas significativas" no sentido da aproximação, incluindo com a retoma de voos diretos entre os dois países e o restabelecimento da isenção de vistos para os cidadãos georgianos.
A Geórgia, que pediu a adesão à União Europeia em março de 2022, tem vindo a reaproximar-se da Rússia, sobretudo depois das eleições legislativas de novembro passado, que mergulharam o país numa crise.
As eleições foram ganhas pelo partido no poder Sonho Georgiano, mas contestadas e consideradas irregulares pela oposição pró-europeia.
O Governo é também acusado pelos detratores de ter abandonado as ambições do país de aderir à UE.
A reação às eleições levou à realização de muitas manifestações que continuaram depois da eleição, em dezembro, de Mikhail Kavelashvili como Presidente da Geórgia.
Kavelashvili, que era o único candidato na corrida, concorreu pelo Sonho Georgiano, mas foi fundador do Força Popular, um movimento que promoveu a aprovação de leis contra a influência estrangeira e as minorias sexuais. Estas leis foram condenadas pela oposição e pelo Ocidente pela semelhança com as regras draconianas promulgadas pela Rússia para reprimir a oposição e os homossexuais.
Leia Também: Rússia acusa Ucrânia de oito novos ataques à rede energética