Os documentos com informações secretas sobre a morte de Martin Luther King Jr., que Donald Trump prometeu tornar públicos quando assumiu o seu lugar na Casa Branca, deverão ser conhecidos em breve.
A informação foi dada pela diretora dos serviços secretos dos EUA, Tulsi Gabbard, durante uma reunião ainda na sexta-feira, onde Trump esteve com os secretários de Estado e outros responsáveis.
Segundo Gabbard já dizia então, os documentos serão desclassificados "nos próximos dias", à semelhança do que aconteceu o mês passado, com os dados que o governo dos EUA tinha sobre a morte do antigo presidente John F. Kennedy. Note-se que "milhares" de documentos foram tornados públicos, sendo possível consultá-los.
A informação de que o próximo 'turno' de documentos até agora confidenciais seria libertada foi transmitida na mesma reunião onde estava Robert F. Kennedy Jr (RFK)., que faz parte da administração e que era sobrinho do antigo presidente (e filho de Robert Kennedy, procurador-geral dos EUA, também assassinado, e cujos documentos também serão tornados públicos). No encontro, RFK disse estar "agradecido" pela libertação dos documentos.
Do lado de Martin Luther King Jr. (MLK), que morreu em 1968 após ser alvejado durante um comício, existe resistência da família, e não só, para que estes documentos não sejam revelados. Contra a publicação destas informações está também a Conferência da Liderança Cristã do Sul, organização de direitos civis fundado por MLK. A organização apresentou uma petição na semana passada para manter a confidencialidade dos ficheiros do FBI, incluindo as cassetes de vigilância, pelo menos até janeiro de 2027, em conformidade com uma decisão judicial de 1977.
Segundo a organização e a família do ativista, que morreu aos 39 anos, a libertação dos documentos não tem "nenhuma justificação legal" e é sem "autorização". Devido a questões de privacidade, acham que a publicação destas informações pode colocar em risco os interesses da organização, da família e do público."
O filho mais velho de MLK, Martin Luther King III, apontou que as escutas tinham como objetivo desacreditar o seu pai e "prejudicar a causa dos direitos civis que ele defendeu", acrescentando que “algumas, talvez muitas, das gravações [que serão conhecidas] podem ser falsas."
Já Bernice King, a filha mais nova, argumentou que a divulgação dos ficheiros causaria "danos irreparáveis" ao legado do seu pai devido às "afirmações fabricadas e à desinformação" do então diretor do FBI, J. Edgar Hoover.
Um grupo de trabalho do Departamento de Justiça investigou ainda a perseguição do FBI a King e o seu assassinato. Embora tenha concluído que James Earl Ray, que confessou o crime, agiu sozinho, criticou algumas ações COINTELPRO do FBI [feitas para desacreditar ativistas críticos do governo] como "muito provavelmente... criminosas."
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