"Agora, os ministros do governo estão a atacar o novo 'chefe de Estado ofensivo' que elegeram, a criar conflitos no gabinete e a correr para contar a história. É tempo de encarar os factos. Este governo é incapaz de ganhar a guerra", afirmou Lapid nas redes sociais.
Para Lapid, que insistiu nas acusações de que os "conflitos internos" são criados por "alguns ministros", responsabilizou também as autoridades israelitas, "que tiveram um ano e meio [para pôr termo ao conflito], receberam todo o apoio dos norte-americanos e da oposição, por isso as desculpas acabaram".
"O Hamas [movimento islamita palestiniano] terá de ser derrotado durante o próximo governo. Agora tragam os reféns de volta em vez de culparem os outros pelos vossos fracassos", frisou Lapid.
As declarações do líder da oposição israelita surgiram depois de o ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, de extrema-direita, ter discutido terça-feira com o chefe do Estado-Maior do Exército, Eyal Zamir, os planos para reiniciar a entrega de ajuda humanitária a Gaza, que está bloqueada há mais de 50 dias.
Segundo o jornal The Times of Israel, o confronto ocorreu após o ministro da Defesa israelita, Israel Katz, ter afirmado que o governo não teria outra opção senão retomar as entregas nos próximos dias, garantindo que a ajuda não chegaria ao Hamas, após o que Zamir afirmou que o exército não seria responsável pela distribuição dos bens.
Em resposta, Smotrich argumentou que "o exército não escolhe as missões".
"Nós decidimos os objetivos e vocês decidem como os cumprir. Se não forem capazes, traremos alguém que seja. Se não souberem como fazê-lo, encontraremos alguém que saiba", disse Smotrich a Zamir.
Zamir substituiu recentemente Herzi Halevi, que se demitiu em março devido a falhas de segurança relacionadas com os ataques de 07 de outubro de 2023.
Smotrich sublinhou posteriormente que Netanyahu "é o único responsável, em última instância", pela gestão da ofensiva em Gaza, acrescentando que se o exército "não ocupar" o enclave e "instalar um governo militar temporário", o governo "não tem o direito de existir", numa nova ameaça de que o seu partido poderá abandonar o executivo de coligação.
"Não tenho queixas contra o chefe do Estado-Maior. A minha crítica é ao primeiro-ministro, que não garante a implementação das políticas do elo político", disse.
"Levar [para Gaza] ajuda logística que acabará nas mãos do Hamas é uma medida de que não farei parte", disse Smotrich, cujo partido detém sete dos 68 lugares da coligação.
Smotrich já tinha gerado polémica, no início da semana, ao afirmar que garantir a libertação dos reféns ainda detidos na Faixa de Gaza desde os ataques de 07 de outubro "não é o mais importante", tendo depois dado prioridade "à destruição" do Hamas, provocando uma onda de críticas por parte das famílias dos reféns, da oposição e até de membros da coligação governamental.
O Hamas, que mantém cerca de 60 reféns em Gaza, tem afirmado repetidamente que os libertará em troca de um cessar-fogo permanente e da retirada das tropas israelitas da Faixa de Gaza, embora Netanyahu tenha afirmado que só terminará a ofensiva quando o grupo for totalmente derrotado.
O acordo de cessar-fogo alcançado em janeiro previa a libertação dos reféns num processo faseado que conduziria a um cessar-fogo e à retirada israelita, mas o Governo de Netanyahu recusou-se a entrar na segunda fase e retomou posteriormente a ofensiva, cerca de duas semanas depois de ter bloqueado a entrada de ajuda e uma semana depois de ter cortado o fornecimento de eletricidade ao enclave.
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