Fórum para o Diálogo Democrático banido por Assad regressa 24 anos depois

O Fórum para o Diálogo Democrático sírio, suprimido em 2001 pelo anterior governo de Bashar al-Assad, retomou esta quarta-feira as suas atividades em prol das liberdades cívicas na nova Síria, liderada desde dezembro por uma coligação islamista.

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© Nebieha Altaha/Anadolu via Getty Images

Lusa
23/04/2025 22:35 ‧ há 6 horas por Lusa

Mundo

Síria

"O dia de hoje marca a reabertura do Fórum para o Diálogo Democrático, 24 anos após o seu encerramento", anunciou a sua presidente, a advogada Joumana Seif.

 

"Este lugar tem um valor simbólico especial: foi aqui que a oposição síria se reuniu (...) e que a 'primavera de Damasco' foi cortada pela raiz", prosseguiu perante uma sala cheia.

O Fórum pretende ser "um espaço de liberdade": "A luta continua para construir a nova Síria democrática com que sonhamos", acrescentou Joumana Seif.

O Fórum foi fundado pelo pai de Seif, o antigo deputado Riad Seif, na sua própria casa, durante a curta "primavera de Damasco" que se seguiu à ascensão de Bashar al-Assad à presidência em 2000, sucedendo ao seu pai, Hafez al-Assad.

Poucos meses depois, as autoridades prenderam milhares de opositores e encerraram movimentos ligados à oposição, incluindo o Fórum para o Diálogo Democrático.

O antigo deputado Riad Seif foi condenado a seis anos de prisão por ter enfrentado o regime.

A sessão de hoje do Fórum foi dedicada à "paz civil e justiça de transição" num país que está a emergir de mais de 14 anos de guerra.

"O lançamento do processo de justiça de transição na Síria é extremamente importante", sublinhou o investigador Radwan Ziadeh durante a sessão de relançamento, afirmando que "o tempo da impunidade acabou".

Riad Seif deixou a Síria em 2012, após o início da guerra civil que eclodiu na sequência de uma revolta popular que foi reprimida de forma sangrenta pelo antigo presidente.

Só regressou após a queda de Bashar al-Assad, em dezembro de 2024.

Uma coligação islamista tomou o poder e o seu líder, Ahmad al-Charaa, foi proclamado Presidente por um período transitório de cinco anos.

"Todas as medidas tomadas nos últimos quatro meses não são de bom augúrio para a construção de um Estado moderno e civil" e para a preservação das 'liberdades democráticas', disse à AFP Mounif Melhem, que participou nas actividades do Fórum em 2001 e se encontrava hoje entre os presentes.

"Este fórum pode abrir a porta ao diálogo para unir os sírios em torno de um projeto de Estado moderno", acrescentou o antigo preso político de 75 anos.

A Síria vive um novo ciclo após quase 14 anos de guerra civil, na sequência de uma operação militar relâmpago que depôs em 08 de dezembro de 2024 Bashar al-Assad, atualmente exilado na Rússia.

A ofensiva foi realizada por uma coligação de grupos armados rebeldes, liderada pela Organização para a Libertação do Levante (Hayat Tahrir al-Sham, HTS), liderado por Ahmad al-Charaa.

Desde então, cerca de 400 mil sírios regressaram ao seu país vindos de nações vizinhas desde o início de dezembro, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).

No mesmo período, mais de um milhão de deslocados internos sírios também regressaram a casa, segundo a agência da ONU.

Em 2020, o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH) estimou que 511 mil pessoas morreram na guerra civil síria, com 350 mil identificadas nominalmente.

Leia Também: Israel justifica presença militar na Síria com desagregação do país

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