O anúncio foi feito seis dias depois de o Supremo Tribunal russo ter retirado o movimento talibã da lista de organizações classificadas como terroristas na Rússia, o que constituiu outro passo simbólico importante.
"A parte russa decidiu elevar o nível da representação diplomática do Afeganistão em Moscovo para o de embaixador", declarou o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo num comunicado.
No documento, o Ministério precisou que esta medida surge na sequência da "decisão do Supremo Tribunal russo de pôr fim à proibição das atividades do movimento talibã".
Moscovo anunciou esta medida após uma reunião entre o enviado do Kremlin (presidência russa) para o Afeganistão, Zamir Kabulov, o embaixador russo em Cabul, Dmitry Zhirnov, o chefe da diplomacia talibã, Amir Khan Muttaqi, e o ministro do Interior, Sirajuddin Haqqani.
Segundo a diplomacia russa, estes dois dirigentes talibãs expressaram "profunda gratidão por esta medida [a possibilidade de nomear um embaixador] que demonstra o empenho sincero de Moscovo em estabelecer uma parceria de pleno direito".
Os talibãs tomaram a capital afegã, Cabul, a 15 de agosto de 2021, após a queda do Governo apoiado pelos Estados Unidos, seguida, alguns dias depois, da retirada total das tropas norte-americanas e da NATO do Afeganistão.
Desde então, Moscovo empenhou-se na normalização das relações com o novo Governo afegão, que vê como um potencial parceiro económico e parceiro na luta contra o terrorismo.
Os talibãs ainda não foram, contudo, oficialmente reconhecidos por nenhum país até agora, nomeadamente devido à situação catastrófica dos direitos das mulheres no Afeganistão.
Além da Rússia, o Paquistão, a China, o Irão e a maior parte dos países da Ásia Central mantêm, no entanto, relações diplomáticas 'de facto' com as autoridades talibãs.
Moscovo recebeu várias vezes no território enviados dos talibãs, mesmo antes de estes regressarem ao poder no Afeganistão.
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