"Temos de convencer toda a gente de que o ataque de Hitler aos judeus da Alemanha foi um ataque a toda a humanidade. E hoje digo: o regime do Irão é uma ameaça ao destino e à existência, não só do nosso futuro, mas também ao destino e ao futuro da humanidade no seu conjunto", afirmou Netanyahu na cerimónia no Centro Mundial de Memória do Holocausto (Yad Vashem), em Jerusalém, e transmitida em direto pela televisão israelita.
"É o que vai acontecer se [o Irão] conseguir adquirir armas nucleares. Se perdermos, as nações ocidentais serão as próximas", mas "Israel não vai perder", assegurou na cerimónia, que contou com a presença de alguns judeus sobreviventes da perseguição nazi.
O Irão é também acusado de pretender desenvolver armas nucleares pelos países ocidentais, liderados pelos Estados Unidos, e Israel, considerado pelos especialistas como a única potência nuclear do Médio Oriente.
Apesar de os relatórios internacionais darem conta do enriquecimento por Teerão de urânio ao nível necessário para desenvolver armas nucleares, a República Islâmica afirma estar apenas a exercer o seu direito à energia nuclear para fins civis.
Os Estados Unidos, o mais firme aliado de Israel, estão atualmente em conversações com o Irão sobre o seu programa nuclear, enquanto Netanyahu há muito que defende uma estratégia militar.
O New York Times noticiou na semana passada que o Presidente norte-americano, Donald Trump, tinha desencorajado Israel de atacar as instalações nucleares do Irão a curto prazo, para dar lugar a esforços diplomáticos.
Os países ocidentais e Israel acusam também o Irão de financiar e armar milícias radicais islamitas na região.
O discurso de hoje do primeiro-ministro israelita foi também um apelo à operação militar de Israel contra o Hamas em Gaza, bem como na fronteira libanesa contra o Hezbollah ou na Cisjordânia ocupada.
"Não haverá califado islâmico à volta de Israel: nem no sul, nem no norte, nem na Judeia e na Samaria", afirmou, recorrendo ao nome bíblico da Cisjordânia comummente utilizado pela direita nacionalista israelita.
"Nenhuma pressão nos impedirá de acertar as contas com bárbaros terríveis como os nazis", disse, referindo-se ao Hamas.
"De facto, eles [Hamas] são exatamente como os nazis, como Hitler", afirmou. "Querem matar e destruir todos os judeus. Declaram abertamente a sua intenção de destruir o Estado judaico, e isso não vai acontecer", acrescentou.
Netanyahu criticou ainda as pressões internacionais contra o que definiu como atos-chave da ofensiva em Gaza, como a operação em Rafah (sul) e a tomada do corredor de Filadélfia, na fronteira com o Egito.
Israel tem estado dividido entre os que apoiam a ofensiva em Gaza e os que exigem que o governo negoceie o fim da mesma para recuperar os reféns mantidos pelo Hamas, e o próprio Presidente Isaac Herzog tem apelado à unidade.
Hoje, Netanyahu assegurou que "a pressão militar contra o Hamas vai continuar".
Dois reféns libertados de Gaza estiveram presentes no evento: Sasha Trufanov, libertado durante as tréguas recentemente quebradas por Israel, e a sua namorada, Sapir Cohen, que deixou a Faixa durante as tréguas de novembro de 2023.
Enquanto Netanyahu mantém a pressão militar sobre o Hamas como estratégia para acabar com o grupo e, através disso, recuperar mais tarde os cativos, os familiares destes e dos que foram libertados afirmam que essa pressão põe em risco as suas vidas.
As milícias palestinianas em Gaza mantêm 59 reféns no enclave, dos quais as autoridades israelitas estimam que 24 ainda estejam vivos.
O Dia do Holocausto (Yom HaShoah em hebraico) assinala todos os anos os seis milhões de judeus vítimas do nazismo durante a Segunda Guerra Mundial.
De acordo com a Autoridade para os Direitos dos Sobreviventes do Holocausto, ainda vivem em Israel hoje 120.507 sobreviventes da perseguição judaica pelo nazismo entre 1933 e 1945, um número que caiu quase 10% desde abril de 2024.
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