Numa análise às circunstâncias do ataque, o investigador associado ao Instituto Real de Relações Internacionais Chatham House, em Londres, disse à Lusa que encontrou elementos de organização, mas também de improvisação.
"Embora o ataque tenha sido planeado - os atacantes chamaram os nomes dos jornalistas que visavam, alguns elementos sugerem que houve bastante espaço para improvisar", referiu.
Por exemplo, os terroristas dirigiram-se inicialmente a um edifício diferente e um deles deixou num dos carros usados um documento de identificação, o que permitiu às autoridades francesas nomear os irmãos Said Kouachi e Cherif Kouachi, de 32 e 34 anos.
O professor convidado na universidade canadiana de Royal Roads, em Vancouver, que prestou declarações à Lusa por email, enfatizou ainda a importância de apurar como conseguiram os responsáveis obter armas automáticas porque França é um país onde o acesso a armas é restrito e os homicídios em massa pouco prováveis.
Este académico francês saúda a reação dos compatriotas, que têm saído à rua em manifestações de solidariedade com as vítimas, e da generalidade dos políticos, que têm apelado à unidade nacional, liberdade e justiça.
Todavia, receia que um aproveitamento político da líder do partido de extrema-direita Marine Le Pen, que "usou os ataques para defender o restabelecimento da pena de morte".
Três homens vestidos de preto, encapuzados e armados atacaram na manhã de quarta-feira a sede do jornal Charlie Hebdo, no centro de Paris, provocando 12 mortos (10 vítimas mortais entre jornalistas e cartoonistas e dois polícias) e 11 feridos, quatro dos quais em estado grave.
Uma operação policial decorre em Dammartin-en-Goële, a 40 quilómetros de Paris, desde as 09:00 locais, menos uma em Lisboa, para deter os dois suspeitos, que estarão cercados pela polícia num edifício onde terá sido feito um refém.