Vários padres pedófilos foi "desastrosa coincidência"
O cardeal australiano George Pell, responsável pela Secretaria de Economia do Vaticano, classificou hoje como "desastrosa coincidência" o facto de cinco padres pedófilos terem abusado de crianças na cidade da Austrália onde trabalhava.
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Mundo Cardeal
Pell falou hoje pelo quarto dia perante a comissão australiana que investiga casos de pedofilia no país entre as décadas de 1960 e 1980, envolvendo a Igreja e instituições de proteção e cuidado de menores.
O cardeal tem negado sempre qualquer má conduta da sua parte durante o período em que esteve nas cidades de Ballarat e Melbourne, no estado de Victoria, onde cresceu e trabalhou, nos anos 1970 e 1980, quando padres pedófilos abusaram de dezenas de crianças.
Pell, que revelou que o papa Francisco recebe um resumo diário das audiências, afirmou que pelo menos dois arcebispos e outras pessoas com autoridade o enganaram ao não revelarem o que se estava a passar no período de "crimes e encobrimentos", como lhe chamou.
O cardeal considerou que a presença de, pelo menos, cinco padres pedófilos em Ballarat na mesma altura, nos anos 1970, foi "uma desastrosa coincidência", apesar de admitir que um rapaz se queixou, em 1974, do padre Edward Dowlan.
O jovem "mencionou casualmente, em conversa", que Dowlan "se estava a comportar mal" com os rapazes e Pell diz que levou os rumores até ao capelão da escola mas não fez mais do que isso.
"Agora, com mais 40 anos de experiência, certamente que concordo que devia ter feito mais", afirmou sobre Dowlan, que abusou de mais crianças e está preso.
Pell foi questionado sobre outro padre baseado em Ballarat, Gerald Ridsdale, com quem partilhou alojamento. O cardeal negou que tenha tentado comprar o silêncio do sobrinho de Ridsdale, abusado pelo tio.
"Isso certamente que não aconteceu porque iria lembrar-me", disse Pell, que justificou ter acompanhado Ridsdale em tribunal, onde foi condenado por mais de 100 crimes sexuais contra crianças, por "dever cristão".
A comissão foi criada em 2012 para investigar denúncias de pedofilia na Austrália e já ouviu relatos de abusos de crianças envolvendo lugares de culto, orfanatos, grupos comunitários e escolas.
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